Jardel está em Macedo de Cavaleiros e é a grande figura do Atlético local. Não, não é esse Jardel em que está a pensar. É George, o irmão, que o Maisfutebol foi descobrir antes de mais um treino da equipa que milita actualmente na Série A da III divisão nacional.
George... o outro Jardel. E como foi ele parar ao humilde Atlético de Macedo de Cavaleiros? Afinal de contas, pode não ter alcançado o prestígio do irmão mais velho mas, no currículo, pode gabar-se de passagens pelo Vasco da Gama, F.C. Porto e Benfica. Passagens curtas e mal sucedidas, é certo, mas disso falaremos mais à frente.
Voltemos a Trás-os-Montes. Ao frio cortante, ao insistente nevoeiro, à geada matinal, ao cearense que um dia chegou a Portugal de «mão dada» com o então Super-Mário. Porquê o Macedo de Cavaleiros, porquê a III divisão nacional?
«Estava no Brasil, porque quis acompanhar a doença da minha mãe de perto, e recebi um telefonema da direcção do Macedo de Cavaleiros. Não sei como se lembraram de mim, mas fizeram-me uma proposta razoável/boa para um jogador que estava parado», refere George Jardel, ainda algo confuso sobre aquilo que o destino lhe reservou.
«Decidi dar um passo atrás para, mais tarde, dar dois em frente. Sou o melhor marcador da equipa, com cinco golos, e não fui sempre titular. Comecei a actuar como avançado-centro, mas recentemente chegou outro jogador para essa posição e recuei um pouco no terreno», explica, entusiasmado com o que tem feito no obscuro anonimato de uma divisão inferior.
Recomeçar do zero aos 28 anos
Recomeçar do zero. Ou quase. É assim, aos 28 anos, que George Jardel encara o regresso ao futebol português. Assume que «custou imenso» a regressão até a um escalão tão baixo e compreende que se tenham «esquecido» do prometedor médio-ofensivo. Aquele que até foi «o melhor marcador dos juniores do F.C. Porto» na temporada 1996/97.

«Tenho 28 anos e acredito que posso voltar a actuar a um nível mais elevado. Cuido-me bastante e sinto que tenho muitos anos de futebol à minha frente», exclama num voto cândido de optimismo.
«Treino todos os dias ao final da tarde e jogamos sempre ao domingo. Estou sem a minha família e vivo com alguns companheiros de equipa. A única família que tenho em Portugal é a minha irmã Jordana, que vive no Porto. O Mário está na Austrália e os restantes no Brasil».
E quando lhe pedimos para pincelar um pequeno auto-retrato do George Jardel jogador, é com uma surpreendente franqueza que o brasileiro responde.
«Sempre fui um jogador de ataque, habilidoso mas que pensa na equipa. Nunca olhei só para o meu umbigo».