O paciente Benfica apresenta melhoras significativas e recomenda-se. A equipa de Jorge Jesus foi à Amoreira bater o tomba-gigantes Estoril por 3-1 e deu um passo significativo para voltar à 'final do Jamor'. Tal como no encontro com o Famalicão, a equipa de Jorge Jesus voltou a entrar no jogo com uma intensidade impressionante, mas desta vez soube gerir melhor o fôlego. Os canarinhos até marcaram primeiro, contra a corrente da partida, mas equipa da Luz chegou ao empate em cima do intervalo, depois virou o jogo na segunda parte, com mais tranquilidade e com mais dois golos.

Jorge Jesus surpreendeu ao apostar em Diogo Gonçalves para lateral direito, mas foi no ataque que o Benfica implementou uma dinâmica eletrizante desde o primeiro apito de António Nobre. Com o regressado Rafa Silva a descair sobre a direita, Everton do lado contrário e Pedrinho nas costas de Darwin, os lisboetas entraram no jogo a todo o gás, com uma forte intensidade e a circular a bola a uma velocidade estonteante, depois de montar um carrocel em frente à área de Thiago Rodrigues.

Uma dinâmica incrível que obrigou o Estoril a recuar em toda a linha, a defender com uma linha de cinco, com Rosier a recuar para o meio dos centrais, reforçada com mais uma linha de quatro. O Benfica procurava entrar por todos os lados, com as constantes movimentações de Rafa, Pedrinho e Everton a baralharem por completo as marcações dos canarinhos.

Foram vinte minutos impressionantes, mas muitas vezes com o Benfica a ser traído pela própria velocidade e sofreguidão que procurava implementar, com muitas precipitações no momento da finalização. Ainda assim, o Benfica contou neste período com duas oportunidades flagrantes, ambas protagonizadas por Rafa Silva, em grande momento de forma, depois de ter «descansado» nos últimos jogos. Na primeira, aos 14 minutos, o extremo veio da esquerda, para o centro, em drible, passando por quatro adversários, antes de rematar cruzado, com a bola a passar perto do poste. Logo a seguir, Pedrinho, no interior da área, deu de calcanhar para a entrada de Rafa que picou a bola sobre Thiago Rodrigues, mas a bola foi caprichosamente à trave.

Só dava Benfica e o Estoril sentia tremendas dificuldades para sair da teia montada pelos encarnados, no entanto, na primeira vez que o Estoril conseguiu sair a jogar, aos 24 minutos, pelo lado de Diogo Gonçalves, Joãozinho, sobre a esquerda, ganhou a linha de fundo e cruzou para o segundo poste. Everton falhou o corte e Murilo amorteceu para o remate de André Vidigal à boca da baliza. Contra a corrente do jogo, o Estoril chegava à vantagem e, ao mesmo tempo, conseguia quebrar o ritmo de jogo.

O Benfica acusou o golo sofrido, perdeu velocidade, perdeu intensidade e, por instantes, permitiu ao Estoril ter mais bola. O jogo ficou subitamente equilibrado e mais sereno, apesar da indignação de Jorge Jesus junto à linha, a pedir linhas mais juntas, mais largura e, novamente, mais pressão sobre os canarinhos. A equipa da Luz demorou a recuperar a intensidade, mas acabou por chegar à velocidade cruzeiro nos instantes finais, depois de um remate de Pizzi de fora da área a dar o mote.

O Benfica voltou a pressionar em toda a linha, fixando o jogo numa faixa curta de trinta metros, mesmo à entrada da área canarinha. O golo voltou a estar iminente, com destaque para uma espetacular defesa de Thiago Rodrigues a uma cabeçada de curta distância de Darwin. Logo a seguir, pontapé de canto de Pedrinho, da direita, desvio de Gabriel junto ao primeiro poste e cabeçada certeira de Darwin, que só teve de encostar. Mesmo em cima do intervalo, o Benfica chegava ao empate.

A segunda parte começou com um ritmo bem mais baixo, mas novamente com o controlo total do Benfica, que mantinha as linhas subidas, embora com menor pressão sobre o detentor da bola. Agora com menos velocidade, mas com mais cabeça, a equipa de Jorge Jesus procurava tirar dividendos da boa circulação de bola que conseguia manter bem perto da área de Thiago Rodrigues. O Estoril ainda ensaiou um ataque, com André Vidigal a trabalhar bem na esquerda, mas Soria rematou depois muito torto.

Mas era o Benfica que voltava a mandar no jogo. Bruno Pinheiro lançou depois alguns trunfos que tinha guardado no banco, com destaque para Gamboa, habitual titular, enquanto Jorge Jesus recuperava o figurino tradicional, juntando Seferovic a Darwin na frente de ataque. O suíço entrou bem no jogo e, depois de duas ameaças, incluindo uma assistência, em posição ilegal, para um golo anulado a Rafa, acabou mesmo por assinar a reviravolta.  

Everton picou a bola para a área, Rafa combinou com Darwin e rematou. Hugo Basto ainda cortou, mas a bola sobrou para o suíço que rematou forte com o pé esquerdo para a reviravolta. Com o Estoril em nítida quebra, o Benfica manteve a pressão e, pouco depois, acabou por chegar ao terceiro, com Taarabt, que tinha rendido o apagado Pizzi, a descer pela direita e a tocar para Darwin que bisou no jogo.

O Estoril ainda teve fôlego para tentar voltar a entrar na eliminatória e até esteve perto de reduzir a diferença, com destaque para dois remates de Miguel Crespo, a grande figura deste Estoril, para duas grandes defesas de Helton Leite. Nesta altura o Benfica já geria a vantagem, procurando menos a profundidade e trocando a bola diante de um adversário que lutou até final por um resultado mais acessível para o segundo jogo na Luz.

O jogo ficou ao final com uma vantagem confortável para o Benfica, com três golos marcados fora e com a equipa a corresponder às «melhoras» anunciadas por Jorge Jesus na antevisão do jogo.