Um sentimento muito especial, que Jaime Pacheco não consegue (nem quer) esconder. O Boavista vai enfrentar o Paços de Ferreira na próxima sexta-feira e vai colocar o técnico numa situação emocional estranha e compreensível. É que Pacheco iniciou a sua carreira de treinador precisamente no clube agora rival, levando-o a um resultado histórico no campeonato (9º lugar em 92/93). 

«O meu coração está cheio de sentimento em relação a todos os clubes que já representei, mas é óbvio que o Paços de Ferreira fica gravado de uma forma especial porque marcou a minha passagem de jogador para treinador. Conseguiu a melhor classificação de sempre do clube e esse início de carreira com sucesso liga-me irremediavelmente às gentes daquela terra», desabafou. No entanto, o vínculo ao Boavista tem-se tornado ainda mais forte ¿ não só pelo correr dos anos, mas também pelo sucesso alcançado ¿ e é óbvio que a única vontade é vencer o próximo oponente. 

A proximidade é uma evidência também para com José Mota. «Conheço-o muito bem, pois jogámos juntos, fui seu treinador e, fora do futebol, somos da mesma aldeia e chegámos a ser amigos de infância», recorda Pacheco numa alusão à já célebre povoação de Lordelo.  

O mérito pelo «excelente campeonato» é fácil de destacar, ainda por cima quando a equipa «está a praticar bom futebol, através de jogadores com vontade de aparecer para poderem vingar numa equipa maior». Porém, e apesar da humildade, o treinador axadrezado não oferece todos os dados ao adversário e garante que «a única obrigação é fazer jus ao favoritismo do Boavista e vencer o Paços de Ferreira, que ainda tem de conhecer o reverso das derrotas». 

Outras preocupações 

Como os últimos resultados no campeonato não têm sido tão positivos como seria de esperar ¿ derrota com Braga e empate com Belenenses -, Jaime Pacheco considera existirem motivos suficientes para uma reflexão de grupo. Foi por isso que ontem colocou a equipa a visionar uma gravação do jogo do Restelo para que fossem debatidos alguns aspectos. É óbvio que os negativos mereceram maior enfoque, até porque «a condição física era invejável e a vontade de vencer era evidente, só que duas desatenções deitaram tudo por terra». 

Os erros são escalpelizados de todas as formas e os treinos têm surgido como tubo de ensaio. Esquecido o Belenenses e com o Paços de Ferreira na ordem dia, Jaime Pacheco tenta desviar as atenções da Roma, adversário na Taça UEFA. Para já, a equipa italiana está somente a ser observada por elementos da equipa técnica e não constitui elemento de abordagem para os jogadores. Aliás, no próximo sábado, o Boavista vai ter presente um treinador no jogo Lecce-Roma, referente à segunda jornada do Calcio. 

No que se refere ao treino desta manhã, Marçal não subiu ao relvado, por se encontrar no ginásio a recuperar de uma lesão. Rui Bento está na Selecção e só amanhã deverá regressar aos treinos com a equipa.