Nome: António Simões Costa  
Data de nascimento: 14 de Dezembro de 1943

Posição: Extremo esquerdo 
Internacionalizações: 46 
Período de actividade: 1957-1979 
Clubes representados: Almada Atlético Clube (1957-1959); Benfica (1959-1975); Estoril Praia (1975); União de Tomar (1975); Boston Minute Men (1975-1976); San José Earthquake (1976-1977); F.C.Dallas (1977-1979)

Principais títulos: 1 Taça dos Campeões Europeus (1961-1962); 10 Campeonatos Nacionais (1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1967/68, 1968/69, 1970/71, 1971/72, 1972/73, 1974/75); 5 Taças de Portugal (1961/62, 1963/64, 1968/69, 1969/70, 1971/72) 

De tenra idade passeava por Corroios em cima de uma carrinha gritando «quero ser jogador de futebol». Alguns anos mais tarde vestia a camisola do Benfica, com a qual se sagrou Campeão Europeu em 1962. António Simões conta com uma vida feita no futebol, em Portugal e no estrangeiro, dentro e fora das quatro linhas. 

Oriundo de uma família de benfiquistas, foi descoberto no Almada Atlético Clube por Fernando Caiado, então treinador dos escalões jovens da Luz. «Alguns representantes do Benfica foram ver um jogo para avaliar dois jogadores da equipa adversária, e acabaram por me levar a mim», recorda Simões entre sorrisos.  

Ingressou no Benfica como júnior, apesar de ter sido necessário aguardar algum tempo até completar a idade necessária para ser inscrito. «Tive de esperar fazer os 16 anos para poder alinhar na equipa. Fui um bocadinho prematuro: jogava nos juniores com a idade de juvenil e nos seniores com a idade de júnior», salienta. 

Tal como tinha acontecido no Almada, sempre alinhou do lado esquerdo. «Vim para o Benfica para ser extremo esquerdo, até porque foi nessa posição que comecei, mas também podia jogar do lado direito». Jogador versátil, Simões tinha a facilidade de jogar com os dois pés o que levou a que fosse um dos principais servidores da equipa que na frente, nos primeiros anos, contava com José Águas e Eusébio, antes de o histórico capitão ser substituído por José Torres. 

Em 1961, antes de completar 18 anos António Simões estreou-se no escalão principal da Luz. Alguns meses mais tarde a equipa sagrava-se, pela primeira vez, campeã da Europa, frente ao Barcelona. Simões conquistaria a titularidade na época seguinte e, em 1962, foi um dos jogadores que levantou a segunda Taça dos Campeões Europeu pelos «encarnados». 

Foi um período de ouro para o futebol português: até 1968, viriam mais três finais da Taça dos Campeões o Benfica, uma Taça das Taças conquistada pelo Sporting em 1964 e, acima de tudo, a inesquecível campanha do Mundial 1966, onde Portugal atingiu o terceiro lugar. Simões era um dos indiscutíveis dessa equipa, e o seu futebol criativo e veloz seduziu a crítica internacional, valendo-lhe um lugar, juntamente com Eusébio e Coluna, no onze ideal da competição. 

Um dos momentos mais altos da carreira de António Simões surgiu nesse mesmo Mundial de Inglaterra, quando marcou um golo de cabeça ao «gigante» brasileiro Manga, num encontro em que Portugal venceu por 3-1, garantindo o primeiro lugar no seu grupo e afastando o campeão mundial em título da segunda fase.  

«Recordo-me perfeitamente... servi o Eusébio na esquerda e acompanhei sempre a jogada. Quando ele cruzou com muita força tive sorte e a bola acabou por sobrar para mim. Nessa altura pensei que só conseguiria o golo através de um chapéu de cabeça e foi isso que fiz», lembra Simões. Eusébio, aos 26 e 85 minutos, e o brasileiro Rildo, aos 72 minutos, fixariam o resultado final. 

Curiosamente, apesar da sua estatura mediana, Simões realizou ao longo da sua carreira vários golos de cabeça. «Marquei de cabeça a todos os grandes guarda-redes portugueses», recorda o jogador, acrescentado que tal se ficou a dever «a momentos de oportunidade, em situações de vôo ou de desvio». «É que eu só jogava no primeiro andar», brinca o internacional português. 

Simões foi muitas vezes comparado ao espanhol Gento, uma das figuras de referência do Real Madrid, vencedor de seis Taças dos Campeões pelos merengues. O internacional português discorda. «O jogador que vi alinhar no mesmo lugar que eu e que, em certa medida, tinha algumas parecenças com a minha forma de jogar é o Chalana», salienta. 

Numa carreira feita de grandes glórias António Simões teve, também, momentos difíceis. Uma das situações mais complicadas da sua vida foi vivida pelo extremo encarnado simultaneamente dentro e fora das quatro linhas. 

«Tenho duas filhas, sempre quis ter um rapaz e isso aconteceu. Infelizmente, vinte e quatro horas depois de nascer ele faleceu. Nessa altura tinha um jogo importante: o Benfica queria ganhar um Campeonato sem qualquer derrota e isso acabou por acontecer. A 22 de Março de 1972 estava em estágio e tinha um dilema: reunia ou não condições para jogar. Foi uma decisão extremamente difícil porque, sendo do foro pessoal afectava também o desportivo. Decidi jogar e, ironia do destinho, Deus quis que ganhássemos por 1-0. Eu marquei o golo», recorda Simões com emoção. 

Eleger o momento mais marcante de uma longa carreira é difícil para o internacional português. Como tal, Simões prefere escolher mais de uma década ao serviço da equipa da Luz. «O ter estado no Benfica durante 16 anos é o momento de grande glória e de grande referência para mim. Foram 750 jogos, muitos títulos e muito sucesso. Quem passa por aqui não tem de escolher um momento. Eu tive a felicidade de viver 16 anos de momentos muito especiais.» António Simões não esconde a emoção quando fala numa carreira, em grande parte construída na Luz. Um estádio que deixou em 1975, numa altura em que Portugal vivia momentos políticos muito agitados. 

Devido às suas opções políticas, Simões considerou que seria a altura de deixar o Benfica e o país. «Senti que, pelas minhas opções, poderia haver alguma contestação, ainda que minoritária, a meu respeito como profissional», recorda Simões, que acabou por abandonar o clube sem a habitual festa de despedida feita em homenagem aos jogadores. 

Ainda chegou a treinar no Estoril Praia e no União de Tomar, no final da época 1974-75, para se «manter em actividade». Pouco tempo depois rumava aos Estados Unidos, repetindo a história do seu pai, também ele em tempos emigrante na América. 

«Com a temporada nos EUA ganhei muito do ponto de vista profissional, o que hoje contribui para ter algum índice de confiança naquilo que faço. Foi uma decisão que não deixou de ter os seus custos, mas da qual não me arrependo», garante. 

Passou por Boston, San José da Califórnia e Dallas, sempre em clubes profissionais da Major Soccer League e da North American Soccer League. No Verão de 1979, alinhava então numa equipa de Dallas, António Simões terminou a carreira, num encontro em que marcou um golo e foi eleito o melhor jogador em campo. «Nessa noite senti muitas coisas, talvez até conflituosas. Por um lado o dever cumprido, mas por outro uma imensa pena... gostaria de continuar.»  

Aos 36 anos António Simões deixou os relvados. Depois de passar pela equipa técnica do Dallas tornou-se treinador principal em Phoenix, onde permaneceu durante dois anos. O regresso a Portugal surgiu em 1991, considerando que existia no nosso país uma grande intolerância face à figura do treinador. 

Em Portugal passou pela selecção nacional de futebol feminino, pelo Marítimo e finalmente... o Benfica. O regresso à Luz deu-se em 1997, pela mão de Vale e Azevedo, no papel de director-desportivo. Conflitos com o então treinador Graeme Souness e com o presidente dos «encarnados» levaram-no a abandonar o clube, onde regressou no ano 2000, desta vez na direcção de Manuel Vilarinho.