Livraram-se da humilhação, um vexame de contornos quase reais. O Benfica está nos oitavos de final da Taça de Portugal, mas o triunfo em Vizela (1-2) não dá margem para sorrisos para os pupilos da Luz. A jogar em superioridade numérica desde os 26 minutos, a equipa de Lage apenas marcou o golo do triunfo a quatro minutos dos noventa frente a um adversário do terceiro escalão.

Exibição cinzenta do Benfica, sem ponta por onde se lhe pegue e bafejada por dois golpes na etapa complementar a fazer o resultado cair para o lado da equipa de Lage. Bateram-se como verdadeiros heróis os vizelenses, marcaram aos seis minutos e ficaram sem um homem por longos 64 minutos, mas nem assim entregaram as armas.

Apagado, Rdt fez o empate após assistência de Jota, e Carlos Vinícius, aposta ao intervalo marcou o golo que fez o resultado final, anulando-se assim o golo madrugador de Samu. Líder da Série A do Campeonato de Portugal, o Vizela proporcionou um grande jogo na primeira vez que recebeu em sua cada um dos três grandes do futebol português.

Benfica desequilibrado ameaça cair

A noite estava anunciada como de festa em Vizela pela envolvência reconhecida do jogo. Receber um dos grandes de futebol português era, por si só, motivo de orgulho. Ainda assim, os chavões como «réstia de esperança» ou «agarrar a percentagem mínima de hipóteses» não deixavam de se ouvir.

Chavões que ganharam força com o remate forte e colocado de Samu logo aos seis minutos. Entrada a vencer dos vizelenses, momento de glória e um aviso sério ao campeão nacional. Entrada em falso do Benfica, mas com margem teórica para dar a volta. Margem que ficou ainda mais folgada a meio da primeira metade quando Ericson viu dois amarelos em seis minutos e deixou os encarnados em superioridade numérica.

Mas a realidade é que o Benfica foi uma equipa sem alma, desgarrada e com pouco nervo. Esteve demasiado desequilibrado e expôs-se com excessiva facilidade aos contragolpes do Vizela. Ofensivamente, apesar de ter mais volume de jogo, os encarnados denotaram falta de critério e tudo saía forçado.

RdT sai da sombra e Vinícius do banco

Carlos Vinícius foi apos para o segundo tempo, logo ao intervalo. Era inequívoco, o Benfica precisava urgentemente de poder de fogo na frente, poder de fogo com critério até porque Raúl de Tomás estava a ser uma autêntica nulidade. Foi resistindo, contudo, o espanhol às substituições de Lage.

Continuava o desacerto das águias, que ameaçavam descontrolar-se. Exibição desgarrada e a anunciar um vexame. Até que ao minuto setenta Jota acalmou as hostes encarnadas ao fabricar o empate, cruzando com as medidas certas para RdT sair da sombra e encostar para o empate.

Pulmões cheios de ar, respira fundo Lage apesar de o Vizela nunca desarmar e até esgrimir argumentos capazes de intimidar. Com duas cartadas saídas do banco o Benfica ainda deu a volta ao marcador em tempo útil. Minuto 86, Caio Lucas levanta para Carlos Vinícius, que marcou com enorme frieza.

Prevalece a lei do mais forte, impondo-se com desapego a um Vizela destemido e com qualidade que merecia claramente mais. Em vésperas de defrontar o RB Leipzig o Benfica demonstra uma imagem pálida, que apenas no resultado se pode considerar de serviços mínimos.