Não foi uma estreia feliz, mas José Mourinho estava conformado com a derrota do Benfica. Completamente. O novo treinador dos encarnados apresentou-se calmo junto dos jornalistas e vincou a falta de confiança e de sorte nos momentos cruciais. A ideia chave do seu discurso é esta: o Boavista começou a partida a vencer o que condicionou a estratégia encarnada. 

«Uma equipa que tem os nossos níveis de confiança em baixo e sofre um golo no primeiro minuto não consegue estabilizar. Perdemos a noção da nossa disposição táctica e o nosso jogo tornou-se emocional e pouco consciente», começou por afirmar o novo líder da equipa técnica benfiquista. 

Mas nem só de aspectos negativos viveu o encontro. «Agradou-me o facto de termos tido uma enorme disponibilidade para o trabalho e para o risco», destacou, abordando de novo o azar encarnado. «Faltou-nos confiança e sorte para estabilizarmos o nosso jogo, mas continuo a sentir-me tão orgulhoso como no primeiro dia», sublinhou José Mourinho. 

E, logo a seguir, não foi capaz de esconder alguma frustração por se ter estreado com uma derrota. «Sinto-me triste, não por mim, mas pelos sócios e pelos jogadores do Benfica, que esperavam um resultado melhor. Mas na quinta-feira a nossa postura será outra», referiu, para depois apontar alguns erros. 

«Apenas tivemos três dias de trabalho, o que é ridículo. Não deu para nada! A nossa grande pecha foi ao nível do passe, mas já sabia que iria ser assim. As saídas dos laterais também não foram muito perfeitas, mas com trabalho e confiança vamos corrigir estas situações. Falta-nos uma vitória para ganharmos confiança. Não acredito em chicotadas psicológicas, mas em chicotadas metodológicas. O público sentiu que os jogadores saíram sem ponta de sangue», exaltou o treinador do Benfica. 

«Este não é o Benfica do meu tempo» (Jaime Pacheco) 

Ninguém o reconhecia. De fato e gravata Jaime Pacheco parecia outro, mas o sorriso da vitória era o mesmo de sempre. «Foi um triunfo justo, embora os vencedores sejam sempre suspeitos. Em termos de marcação, estivemos um bocadinho fora de nós, porque houve alguns desequilíbrios no meio-campo e o Benfica criou alguns arrepios na nossa retaguarda. Mas tudo foi rectificado de uma forma muito simples: fiz recuar o Whelliton para marcar o Meira e o Geraldo começou a policiar o Maniche. Assim, o Rui Bento ficou livre», começou por referir. 

No entanto, o treinador do Boavista sentiu que a sua equipa quebrou no primeiro tempo. «Os jogadores acusaram a responsabilidade, mas fiz-lhes ver que este não é o Benfica do meu tempo. A partir daí, a equipa libertou-se», destacou, enaltecendo também o factor sorte: «Fomos felizes, ao contrário dos outros jogos. Mas esta vitória é justa, porque também fomos superiores ao adversário, especialmente na segunda parte», finalizou Jaime Pacheco.