Octávio Machado voltou a ser a estar no centro das atenções. Agora, não foi a um canal televisivo ou a um jornal desportivo. Foi o convidado de honra da «Bancada Central», programa da rádio TSF, voltando a colocar o dedo na ferida, a fazer uma resenha sobre a sua passagem pelo F.C. Porto. 

Ao contrário do que sucedeu ontem, insistiu em determinados pontos, nomeadamente num ataque cerrado ao empresário Jorge Mendes, uma das pessoas da confiança de Pinto da Costa, quando o clube das Antas precisa de comprar jogadores. Falou de Esnaider e de Quintana, contratações que não renderam o desejado. 

Mas logo a abrir o directo, falou do Sporting e do convite de Luís Duque para regressar a Alvalade na qualidade de treinador principal. Octávio Machado voltou a estar no seu melhor. Polémico quanto baste e bastante directo, apesar de fugir a algumas questões. Por exemplo, ao «dossier Jardel». 
 

As frases fortes da entrevista à TSF: 
 

  • «Quando o Sporting perdeu por 4-0 com o Real Madrid, o senhor Luís Duque convidou-me para substituir o Inácio. A reunião decorreu na minha casa, num ambiente familiar e se quisesse regressar, regressava. Senti-me honrado com esse convite, mas recusei. Entendi que não devia regressar, porque o Sporting tinha um treinador, Inácio».
 
  • «Quem é o empresário Jorge Mendes para avaliar a minha competência? É lamentável essas pessoas serem empresários quando não têm capacidade para tal. O seu comunicado testemunha o que de negativo pode haver num homem assim, com os valores invertidos. A pirâmide está invertida, porque não é importante o treinador, o metodólogo, o enfermeiro, nem o clube, mas o empresário. Ele acha-se o responsável pela valorização dos jogadores. Isso é errado! Os responsáveis são os treinadores».
 
  • «A contratação do Esnaider foi feita numa base de confiança no Jorge Mendes. Disse-nos que o jogador não trazia lesões capazes de alterar o seu comportamento. (...) A rotura começou aí».
 
  • «Fui ao Paraguai e almocei com um defesa esquerdo que estava referenciado. O Quintana também lá estava e não sabia que eu era treinador do F.C. Porto. Só soube quando chegou a Portugal. Por isso, ainda é possível fazermos contratações com o máximo de secretismo, porque a opinião pública inflaciona o passe dos jogadores. Optei pelo Quintana, porque havia a possibilidade do Paredes ser transferido».
 
  • «O F.C. Porto pode chegar ao título. Só precisa de paz e de tranquilidade».
 
  • «O Jorge Mendes convidou-me para trabalhar com ele, quando fomos ao Paraguai. Não sei porque o fez. Mas eu sou um homem de princípios e de valores».
 
  • «Tenho um grande respeito pelo Jardel. Mas não tenho nada a acrescentar sobre isso, porque não se pode pôr em causa a posição oficial do clube. O Jorge Mendes não é o responsável pelo Jardel, não se sentou à mesa das negociações. (...) Sobre essas coisas é melhor não falar, porque o F.C. Porto precisa de tranquilidade».
 
  • Sobre a herança deixada a Mourinho: «No aspecto pontual não é tão boa como isso».
 
  • «No mês de Dezembro perderam-se os valores, mas chegámos ao primeiro lugar. No dia em que jogávamos com o Sparta de Praga foi pública a contratação de um jogador que acabou por não se concretizar».
 
  • «O Jorge Mendes tem uma ligação de dois anos ao F.C. Porto. Pura coincidência, o F.C. Porto deixou de ganhar. O que foi o passado dele no Sporting? Aproximou-se de mim para que o Beto fosse seu jogador. E eu ainda evitei que ele fosse para o Mónaco por rescisão de contrato (...). O Jorge Mendes é um homem doente e o seu comunicado prova que é uma pessoa sem cultura de grupo».
 
  • Sobre Adelino Caldeira: «Não nos vamos estar a massacrar».
 
  • «Sou um admirador do João Pinto como jogador de futebol, mas passou ao lado de uma grande carreira. (...) Que nos possa ajudar no Mundial para sermos campeões, mas se vai para lá com estas simulações, acabamos os jogos com dez».
 
  • Sobre Pavlin, convocado por Mourinho para o jogo com o Marítimo: «É um jogador do F.C. Porto e está inscrito. É uma opção que respeito».
 
  • Sobre as notícias que davam Mourinho como certo nas Antas: «Trouxeram desconfiança ao treinador».
 
  • «O mês de Dezembro marcou-me profundamente. Tínhamos feito jogos deslumbrantes, com o Rosenborg e o Celtic, por exemplo, mas depois fiquei triste e amargurado».
 
  • «Não pretendo regressar ao futebol. Vou dividir-me entre o Porto e Palmela. Sou empresário e tenho projectos em andamento. Pensava deixar o futebol depois de terminar o meu contrato com o F.C. Porto. Mas, agora, nunca se sabe. Basta estar estimulado. Se calhar, vou entrar em outra actividade ligada ao futebol».