Arsène Wenger iguala esta noite o recorde de jogos no banco na Premier League que pertence a Alex Ferguson, um incrível registo de 810 partidas. O treinador do Arsenal, que alcançará a marca na partida com o Crystal Palace da 20ª ronda, é de muito longe o técnico há mais tempo num clube de topo.

Se Wenger iguala Ferguson em número de jogos, o palmarés de ambos é muito diferente, mesmo tendo em conta apenas para o campeonato inglês. O antigo treinador do Manchester United somou 13 títulos de campeão nesse período, contra três do francês.

A última Premier League que Wenger ganhou foi em 2003/04. Desde então tem sido um longo período de seca para os adeptos dos «Gunners», pontuado com três conquistas da Taça de Inglaterra e outras tantas Supertaças.

Wenger admite que quando chegou a Londres, em outubro de 1996, nunca teria acreditado se lhe dissessem que atingiria esta marca. «É inacreditável. Teria dito: ‘Estão malucos, nem pensar», disse o técnico.

A marca foi pretexto para Wenger falar sobre a sua longevidade e sobre o que mudou no futebol. «O mais importante é acreditar nos seres humanos. Quando se está tanto tempo num trabalho, não se é ingénuo. Conhecemos todas as fraquezas e forças e como às vezes as pessoas podem ser más ou egoístas. Mas temos de acreditar que há uma luz em todos os seres humanos que podemos aproveitar», afirma, em declarações reproduzidas pelo «Guardian»: «O nosso trabalho é tirar o melhor potencial possível da equipa. O objetivo final é fazer as pessoas felizes. Infelizmente nem sempre conseguimos, mas tentamos.»

De resto, Wenger diz que neste tempo não mudou o futebol, mas a sociedade sim. «Tornámo-nos mais individualistas. Vivemos numa sociedade mais exigente e opinativa. O problema na Europa é que o respeito por coisas básicas é menos forte do que há 20 anos – coisas como o respeito pelos outros», defende: «Mas continua a ser uma questão de valores e o responsável pela transmissão de valores num clube é o treinador. Se não temos estabilidade, esses valores são questionados. A estabilidade técnica é importante. Talvez os clubes hoje precisem de ser mais fortes para resistir a isso.»