Turra embrenhou-se no estudo. Analisou o adversário, fez contas ao apuramento e tirou as medidas à qualificação, momentaneamente depositada nas suas mãos no recurso à lógica matemática. Pressentiu e quase pôde ver a segunda fase da Liga dos Campeões ao alcance de uma soma básica e advertiu sobre os perigos de Amoroso e Koller, já depois de o bom senso o ter convencido a incluir dificuldades no discurso. 

Paulo Turra sabe do que fala. Não se limita a ensaiar desarmes e antecipações, aguçando um jeito muito especial para a premonição. Não joga apenas. Faz do jogo um alvo do seu interesse, o que se percebe à primeira abordagem ao adversário de quarta-feira. «O Borússia é uma equipa com valor, apesar de não ter ganho nos últimos sete jogos que disputou». Nada de significativo, suspeita. Há nomes e pormenores a que atribui maior importância. 

Amoroso, por exemplo. Conhece-o bem, defrontou-o no Brasil. «É um grande jogador. É forte, não se lhe pode dar espaço, sob o risco de poder causar desequilíbrios». Mas o ataque do Borússia, adverte, é muito mais do que isso. «Tem também o Koller», avisa. «É um cidadão com dois metros, grande para caramba!», diz, num tom quase alarmado. «É preciso ter cuidado com ele, porque vai dar-nos muito trabalho». 

3+1=qualificação 

Turra respira fundo e recompõe-se do cenário aterrador desenhado pelo seu próprio punho, antes de atenuar os contornos mais ameaçadores do Borússia. «As intenções deles pouco importam para nós. Independentemente dos planos que tragam, nós vamos jogar para ganhar», assegura. «Vamos pegar no ritmo do jogo, explorando o bom momento que estamos a viver». 

A convicção, certeza até, tem sustento garantido nas exibições recentes, com a de Barcelos incluída, onde apenas dois titulares frente ao Dínamo repetiram a mesma condição. Não foi o caso do brasileiro, que não se deixou surpreender pelo desempenho e pelo desfecho. Nem podia, esclareceu: «Quem acompanha o dia-a-dia desta equipa, sabe que temos 25 ou 26 jogadores de qualidade semelhante». E mesmo que o treinador, por brincadeira, fale em duas equipas, uma para o campeonato e outra para a Liga dos Campeões, Paulo não faz distinções nem reconhece quem o faça. «No balneário todo o mundo é igual», garante. «O Boavista é uma equipa só, não há diferenças de tratamento». 

De volta à Liga dos Campeões. Ao contrário da teimosa maioria, que deixa contas e prognósticos para o fim, Turra já fez os cálculos ao apuramento. Muito simples. Três pontos resultantes da vitória sobre o Bórussia e «mais um» nos três jogos que sobram. «Conseguimos, pelo menos, o segundo lugar e a qualificação». Mas o produto da equação fica obviamente dependente do desfecho de quarta-feira. «Para isso, temos de ganhar ao Borússia», emendou. «E não vai ser fácil...».