Cabral

Fantástica exibição do lateral-esquerdo transformado em defesa-direito por Marinho Peres. À eficácia defensiva juntou grandes correrias pelo seu flanco, um pulmão e uma resistência assinaláveis e vários passes de grande nível. Cabral, defesa, foi um dos principais atacantes do Belenenses. Prova disso é a excelente jogada pela direita que culminou com um centro preciosíssimo para a bota esquerda de Eliel. 

Eliel

O homem de quem se fala. Sem ter feito um único jogo oficial era já considerado a vedeta do Belenenses, depois de ter feito dois golos ao Sporting num encontro particular. Com o F.C.Porto provou que também marca a sério, e tão a sério que foi aquele segundo golo, olhos sem largarem a bola que vem pelo ar, pé esquerdo puxado atrás e, paum!, o contacto impressionante com a bola. Eliel não é só matador, junto à linha também faz estragos. E não fora a quebra física a meio do segundo tempo, que terminou com a sua substituição e a ovação dos adeptos, podia ter feito ainda mais miséria. Mas mesmo quando o corpo já não respondia tão bem, mesmo quando lhe faltava a rapidez de execução no momento certo, a classe estava lá, e Eliel fazia mais uma finta, tirava mais um portista do caminho e lá estava ele mais uma vez em condições de servir um belenense disparado. 

Verona e Guga

Este ataque do Belenenses é coisa a sério. Seu Marinho Peres aproveitou bem a matéria humana brasileira que havia em Portugal, juntou-lhes um Eliel que já passou os 30 anos mas que está longe do fim da carreira e fez um trio-eléctrico que dá baile aos adversários. Para além de Eliel formam o trio Verona e Guga. O primeiro, ex-Estrela da Amadora, brilha nos solos. Um toque de calcanhar aqui, um passe a olhar para outro lado ali e Verona lá anda a fazer os adeptos abanar a cabeça. Guga, ex-Gil Vicente, a quem técnica também não falta, tem outro estilo. Encostado à direita, faz uso da velocidade e quando estiver em boa forma (fez o seu primeiro jogo depois de um ataque de varicela) vai causar muitos estragos país fora. 

Centrais belenenses

Chamam-se Wilson e Filgueira. O primeiro joga solto e lê os lances de forma impressionante. O segundo marca o ponta-de-lança contrário e é uma carraça, conseguindo anular o adversário raramente recorrendo à falta. Se na frente o Belenenses está bem servido, atrás Marinho Peres não precisa de se preocupar. Uma conjugação que faz da equipa do Restelo uma ameaça na I Liga. 

Alenitchev

Impossível destacar alguém do F.C.Porto pela positiva. A exibição foi tão má, a impotência para criar perigo tão aflitiva que só Ovchinnikov e Drulovic podem sair do Restelo de cabeça erguida. No pólo oposto, Alenitchev merece menção. O médio russo precipitou a crise portista, ao fazer um penalty absolutamente desnecessário. Incapaz de servir os avançados em condições, Alenitchev ainda ajudou a criar desequilíbrios na defensiva portista, por deixar os médios contrários passearem à vontade à sua frente. 

Desauxiliares

Não estiveram tão mal como os adeptos das duas equipas o pintaram, mas o facto de os árbitros auxiliares terem conseguido desagradar a gregos e troianos é sinal de que estiveram longe do melhor. Muitos foras-de-jogo assinalados, se calhar metade das vezes sem razão, quebraram o ritmo ao encontro e exasperaram os espectadores.