O pugilista cubano Felix Savon apurou-se hoje para mais uma final olímpica da categoria de pesos-pesados (91Kg). Desta vez em Sydney, a vedeta cubana fez um percurso sem percalços. Venceu todos os combates, derrotando nos quartos-de-final o grande favorito do momento, o americano Michael Bennett, um ex-recluso que começou a treinar na prisão. 

Hoje, Savon venceu na semi-final o inglês Sebastian Kober e prepara-se para defrontar na final o russo Sultanahmed Ibzagimov. 

Aos 33 anos e ao fim de 15 de carreira, Savon é um verdadeiro coleccionador de medalhas e honras. Seis títulos mundiais, dois títulos olímpicos (Barcelona em 92, e Atlanta em 96) e cerca de uma quinzena de títulos nacionais compõem um palmarés impressionante.  

Mas o pugilista cedo conheceu a glória. Aos 19 anos conquistou o seu primeiro título mundial, encarnando a figura do desportista trabalhador e patriota, tão ao gosto de Fidel Castro, o líder cubano.  

Dono de uma grande técnica, que faz dele um dos maiores pugilistas da actualidade, Savon é também uma verdadeira estrela na ilha. Admirado por todos, tem em Fidel Castro um fervoroso adepto. A prová-lo está o facto de «El Comandante» lhe ter oferecido um carro e uma casa após a conquista do seu último ouro olímpico, em Atlanta. Um privilégio raríssimo para a maioria dos cubanos. 

Por detrás de Felix Savon está um fabricante de campeões, o treinador Alsidez Sagarra, responsável por outras lendas do boxe como Teofilo Stevenson ou Hernandez. «Todos querem saber qual o segredo do nosso sucesso» afirma o treinador da equipa cubana, dando a resposta logo de seguida: «Os nossos pugilistas treinam dez horas por dia e defendem as cores do nosso país.» 

À semelhança do que fez o seu antecessor Teofilo Stevenson, Savon nunca cedeu à tentação do dinheiro trazida pelo profissionalismo. E recusou 10 milhões de dólares para combater com o famoso Mike Tyson. 

A poucos dias do combate decisivo, toda a nação cubana tem os olhos postos em Savon, que segundo o seu treinador está em boas condições físicas, mas que não deve ser pressionado. «Já lhe dissemos para não se sentir pressionado a conquistar a terceira medalha e não ficar obcecado com esse recorde». 

Se Savon voltar a subir ao pódio em primeiro lugar iguala o feito conseguido por Stevenson, que conquistou três medalhas de ouro em três Jogos Olímpicos consecutivos, em 1972, 1976 e 1980.