Portugal venceu esta quarta-feira a Macedónia por 1-0, em jogo de preparação para o Euro-2004, naquela que foi a segunda vitória na era Scolari, em três jogos. A imagem deixada, no entanto, foi pálida, particularmente tendo como termo de comparação a vitória sobre o Brasil, campeão do mundo, por 2-1, no passado sábado.

Há atenuantes para a exibição suficiente menos da selecção portuguesa, que caiu muito na segunda parte, depois de uns primeiros 45 minutos com bons momentos. Especialmente a forma de jogar da Macedónia, muito faltosa, perante a passividade do árbitro que permitiu que 80 por cento das jogadas de ataque portuguesas fosse travada à margem das leis.

Portugal tinha obrigação, no entanto, de ter feito mais e melhor. O golo de Figo, aos 23 minutos, foi suficiente para vencer, a equipa dos primeiros 45 minutos, igual à que iniciou o encontro com o Brasil, apenas com Figo no lugar de Simão, ainda deu uma boa resposta, mas no segundo tempo houve pouco futebol, muito pouco.

Início auspicioso

Portugal entrou muito bem no jogo e no primeiro lance da partida quase marcava, com Figo a isolar Sérgio Conceição e este, sobre o lado direito da área, a tentar o remate em jeito, acabando por atirar à figura de Milosevski.

A Macedónia recompôs-se e especialmente através de Sakiri, o médio-esquerdo, foi criando perigo relativo, mas nunca andou muito perto do golo.

Que podia ter aparecido outra vez aos 19 minutos. Primeiro foi Pauleta a cair na área, empurrado por Vasovski, sem que o árbitro nada assinalasse. Na sequência do lance, Maniche cabeceou na área em boa posição, mas não conseguiu desviar para a baliza.

A selecção portuguesa, sem ser brilhante, apresentava um bom futebol, com Maniche em grande plano na gestão do jogo da equipa, imprimindo velocidade, variando bem o flanco, aproveitando as flutuações do 4x4x2 macedónio. Perto da área contrária as coisas dificultavam-se um pouco, complicando-se o que podia ser fácil.

Ainda assim, Portugal jogava o suficiente para ir criando perigo: aos 21 minutos, depois de Pauleta falhar na área, Rui Costa atirou à queima-roupa e só um corte milagroso de Sedloski evitou o golo.

Que apareceria dois minutos depois. Figo ganhou a bola perto da área contrária, tabelou com Sérgio Conceição, que entregou de calcanhar isolando o número sete. Sobre o lado esquerdo da área, o jogador do Real Madrid, regressado à equipa depois de ter falhado o jogo com o Brasil, não teve problemas para desviar a bola de Milosevski.

Com o golo Portugal caiu um pouco e a melhor oportunidade da Macedónia no primeiro tempo apareceu logo a seguir (26 minutos), com Stojkov a rematar na passada depois de centro atrasado da direita, mas sem muita força, para boa defesa de Ricardo.

Depois de um período de acalmia, Portugal só voltou a acelerar nos últimos cinco minutos da primeira parte, e foi precisamente num contra-ataque que quase marcou outra vez - Figo centrou largo ao segundo poste, Pauleta, sozinho, cabeceou sem saltar, Milosevski fez uma grande defesa para o poste. Em cima da hora Figo caiu na área, em disputa de bola com Aguinaldo Braga, mas a haver falta terá sido fora da área.

Tantas faltas

A segunda parte foi bem mais fraca, culpa das sete substituições na selecção portuguesa - oportunidade para as estreias de Rogério Matias e Silas e para a segunda internacionalização de Deco, que substituiu Rui Costa - mas sobretudo do jogo faltoso da Macedónia.

A selecção dos Balcãs parou quase todas as jogadas de ataque da equipa portuguesa através de faltas, perante a passividade do árbitro, que lá ia assinalando algumas delas mas sem mostrar cartões amarelos, pelo que os jogadores macedónios insistiam na estratégia.

Aliás, os dois amarelos mostrados pelo suíço Marcus Nobs chegaram apenas ao minuto 87, para um jogador da Macedónia que tirou a bola das mãos de Ricardo e para Fernando Couto que lhe deu um empurrão.

Com o domínio do jogo, Portugal só conseguiu, naturalmente, criar perigo em lances de bola parada, aproveitando algumas das faltas da Macedónia. Num livre que Deco levantou para a área, Costinha cabeceou ao segundo poste fazendo a bola bater na trave antes de sair (67 minutos). Simão, de livre directo, obrigou Milosevski a extraordinária defesa (83m) e nos descontos dois livres de longe de Deco também obrigaram o guarda-redes a aplicar-se.

A Macedónia, em contra-ataque, foi em todo o caso mais perigosa que no primeiro tempo. Sakiri obrigou Ricardo a duas boas defesas, mas a maior oportunidade foi numa jogada de contra-ataque, em que Grozdanoski apareceu isolado, com Ricardo a sair muito bem e a evitar o golo com os pés.

Luiz Felipe Scolari reclamou depois do jogo com o Brasil que a selecção portuguesa deve jogar com adversários mais fracos, mas terá percebido face a esta equipa da Macedónia que isso pode ser contraproducente. Já se sabe que é difícil recriar nos jogadores a pressão de jogos a sério em particulares, e isso nota-se mais quando o adversário não tem nome; para além disso, Portugal acaba a jogar contra selecções, como aconteceu nesta quarta-feira, cujo principal objectivo é evitar por todos os meios sofrer golos, e todos os meios tornam difícil aperfeiçoar seja o que for numa equipa, quando um jogo parece mais uma batalha que futebol.

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