Beto Acosta, melhor marcador do Sporting na época da reconquista, tenta desvalorizar a crise directiva vivida em Alvalade, mas é taxativo nos avisos que deixa quanto ao futuro.
Na opinião do argentino, «ou há união ou não se chega a nenhum lado».
«Nem Luís Duque nem José Roquette vêm para aqui correr, pelo que para já temos de concentrar-nos em nós e reabilitar-nos fisicamente. Quando começar a competição e houver maior aproximação com a Direcção ver-se-á se estamos ou não todos unidos. Sempre disse que um grupo de trabalho tem três cabeças - jogadores, técnicos e dirigentes. E ou há união ou não chegaremos a nenhum lado. Se, como no ano passado, as três cabeças estiverem unidas, então chegaremos longe», declarou hoje (sexta-feira) Acosta, na primeira conferência de imprensa realizada durante o estágio de pré-época em Rio Maior, iniciado ontem.
Golos... se o colectivo estiver bem
Autêntico «abono de família» na temporada passada, Acosta parte para a nova época disposto a continuar a facturar nas balizas adversárias.
O facto de Mário Jardel já não actuar em Portugal, e com isso se abrir a possibilidade de ser o melhor marcador do Campeonato, não ocupa, contudo, os pensamentos do dianteiro leonino: «Sempre trabalhei para marcar o maior número de golos, com ou sem Jardel como concorrente. Quero lutar, apenas, contra mim próprio para que cada jogo seja sempre melhor.»
Embora instado a falar do plano individual, Acosta frisa que «para marcar é preciso que o colectivo funcione bem», razão pela qual «o trabalho da equipa está sempre em primeiro lugar».
«Se estivermos bem colectivamente, Acosta estará melhor individualmente. Quando a equipa funciona Acosta é sinónimo de golo, naturalmente vou lutar para fazê-los», acrescentou.
«Não tenho estatuto de titular»
Os 22 golos apontados no campeonato passado parecem teoricamente suficientes para garantir a titularidade de Acosta neste início de época.
O argentino é que não concorda com a ideia, garantindo que não vai viver à sombra dos tentos que já marcou: «Trabalho sempre a pensar no presente, não no passado. O passado fica para a minha família, para os adeptos e para os jornalistas fazerem estatísticas. Não tenho estatuto de titular, terei que trabalhar duramente nesta pré-temporada para que Inácio continue a apostar em mim. Há mais jogadores que querem jogar, não sou só eu...»
A este propósito, Acosta destaca com agrado que «vai haver uma competição linda por um lugar na equipa, pois há dois ou três jogadores para cada posto e se estão no Sporting é porque todos têm valor».
Pronto para a luta, o avançado argentino sublinha ainda a importância de todos os jogadores e não apenas dos onze que jogam em cada partida: «As vitórias e as derrotas são de todos. 80 por cento do título que conquistámos ficou a dever-se à união que existia no Sporting entre todos os jogadores do plantel.»
Aumenta a pressão
A reconquista do título nacional em 99/2000 transporta para a nova época, na opinião de Acosta, «maior pressão» sobre o Sporting.
«Todos vão querer que revalidemos o título e façamos uma muito boa Liga dos Campeões. Temos de meter na cabeça de que isso será muito difícil, teremos que lutar muito para o conseguir», sublinhou o avançado sportinguista.
Seja como for, Acosta sente-se confortável com a pressão que assinala: «É um óptimo desafio! Há muitos jogadores nas outras equipas que gostariam de disputar as competições que nós vamos disputar. Agrada-me ter todos esses compromissos.»