O União de Leiria é uma das equipas que melhor futebol pratica em Portugal, situação que alia à regularidade dos resultados. Que segredos esconde José Mourinho, que, à partida, teria a espinhosa missão de fazer esquecer Manuel José? O que está por detrás do surpreendente quarto lugar dos leirienses e da espantosa contribuição do brasileiro Derlei, melhor marcador da equipa? Há questões que certamente apenas a Mourinho caberá desvendar. No entanto, o Maisfutebol fez a análise do conjunto da cidade do Lis e dá-lhe algumas respostas. Subjectivas, como aliás é natural.  

Táctica dos triângulos 

O 4x3x3 é um sistema trabalhado pelo treinador do U. Leiria desde o primeiro dia. Apurou-o no estágio realizado em Tábua e em nenhum momento, independentemente do adversário, o abandonou. Trata-se de um modelo de jogo que os jogadores mais antigos do plantel não estranharam, uma vez que Manuel José, aquando da sua passagem pelo clube, o adoptou em diversas ocasiões. 

Mourinho e as pessoas que o rodeiam entendem que esta táctica roça a perfeição, uma vez que se baseia na cobertura do espaço através da criação de triângulos imaginários. Desta forma, Mourinho conseguiu que a equipa jogasse em pressão (quase) contínua, recuperando muitas bolas e partindo rapidamente para o ataque, sector no qual onde sempre teve unidade muito velozes. 

A própria preparação física, às ordens de Rui Faria, é trabalhada em função do modelo de jogo. Sempre no relvado ¿ nunca em matas ou praias -, os músculos são preparados para os piques, para a velocidade contínua, para a resistência. Enfim, para tudo a que a pressão constante sobre a bola obriga. 

Defesa (quase) sem alterações 

Toda a capacidade ofensiva do União de Leiria assenta sobre uma defesa segura e habituada há muito tempo a jogar em conjunto. Bilro, o capitão, e Nuno Valente são inquestionáveis nas laterais, da mesma forma que Renato e Éder o são no eixo. 

As únicas alterações que Mourinho fez na defesa prendem-se com situações pontuais ¿ lesões e castigos -, tendo utilizado nessas ocasiões Paulo Duarte e Nuno Mendes. 

Equílibrio no meio-campo e ataque 

Se na defesa não se mexe, no meio-campo e o no ataque as coisas não têm sido bem assim. Fruto dos momentos de forma de alguns jogadores e da afirmação de outros, surgiram várias alterações ao longo desta primeira metade do Campeonato. O plantel é extremamente equilibrado e o rendimento do conjunto nunca ficou afectado pelas mudanças. De certa forma, estas funcionaram um pouco no sentido do apurar do «onze» ideal. Algo a que a equipa técnica já parece ter chegado. 

Freddy foi o extremo-direito nos primeiros jogos do Campeonato, numa altura em que Jaques ainda não se tinha afirmado no eixo do ataque. Como consequência, Derlei fazia essa posição. Aos poucos, quando o brasileiro começou a ganhar notoriedade, o jogador contratado ao Estoril foi ficando pelo banco. Duah «desapareceu» quando Maciel «explodiu» na esquerda do ataque e, finalmente, o tridente ofensivo foi encontrado. 

No meio-campo, João Manuel é indiscutível. Devido às lesões que assolaram o sector, Tiago, Leão e Vouzela foram alternando. Silas, autor de alguns dos mais belos golos da formação, parece dar lugar agora ao ex-jogador do Benfica, regressado de lesão. Mas o rendimento é, pelo menos para já, inquebrável. 

«Onze ideal» 

É fácil. Costinha à baliza. Bilro a defesa-direito, Renato e Éder no meio, Nuno Valente na lateral esquerda. No meio-campo, Silas mais descaído para a direita, Vouzela no eixo e João Manuel mais para o lado esquerdo. No ataque, os incontornáveis Derlei (direita), Jaques (meio) e Maciel (esquerda). Sempre com luz verde para a mobilidade. Sempre com luz verde para o golo.