A ideia de formar uma equipa portuguesa de futebol americano na cidade do Porto partiu de Daniel Correia e nasce, sem surpresa, de uma importação. «Eu estive a estudar na Alemanha e trouxe a ideia de lá. Quando regressei a Portugal procurei quem quisesse jogar. Algumas pessoas queriam formar uma equipa em Lisboa, mas depois não chegaram a avançar. Assim nasceram os Renegades, há quatro anos.»
Mas porquê trocar a bola redonda, tão amada no nosso país, por outra pouco familiar? «O que cativa mais no futebol americano é mesmo o contacto, mas muitas pessoas ainda têm receio, acham que este é um desporto violento. Com as protecções, não é tão violento como parece, é mais show off e as ideias dos filmes de Hollywood», lamenta Daniel Correia.
Quanto mais duro, melhor
Os «gladiadores dos tempos modernos» vivem da dureza do seu jogo. É assim que se definem as estrelas deste desporto, independentemente dos danos colaterais. «Sinceramente, não costuma haver muitas lesões. Acontecem, como em outros desportos, mas não há muitas. Os filmes americanos é que dão essa ideia, e errada. A intensidade de jogo nos Estados Unidos é de outro mundo, completamente. Aqui há uma lesão de vez em quando», aclara o presidente da equipa nortenha.
Por azar ou coincidência, houve mesmo uma lesão séria nesta partida e um jogador dos Navigators foi parar ao hospital de braço ao peito. A novidade profunda nessa situação é que o responsável pela lesão fica deitado, qual penitência, e todos os outros atletas se ajoelham no momento da assistência médica. Um bom exemplo de fair-play que termina com palmas na recuperação.
Um sonho em português
Vivos há quatro, profissionais há dois, os Renegades têm a companhia dos Lisboa Navigators na liga espanhola, o seu local de competição à falta de uma prova portuguesa, que poderá estar a nascer. É um sonho a por em prática.
«Neste momento já existem mais duas equipas, uma formada, mas sem grandes condições e outra em crescimento em Paços de Ferreira. Pretendemos organizar brevemente um campeonato português, por enquanto com quatro equipas», afirma Daniel Correia.
Uma ideia subscrita por Juan Ortiz, capitão dos Navigators. «Uma liga portuguesa seria bom. Quatro equipas não é suficiente, mas é melhor que nada e temos de começar por alguma coisa. Uma época de quatro ou cinco jogos, todos contra todos, três ou quatro meses de competição era melhor que nada. Há muito a fazer em Portugal para não deixar este desporto ficar para trás, mas resta trabalhar nisso e olhar para o futuro.»