Godinho Lopes falou esta quarta-feira da escolha de Franky Vercauteren para suceder a Sá Pinto no comando técnico do Sporting e garantiu que a contratação do belga vem acompanhada de uma mudança de paradigma no clube. «Trago um registo presidencialista para o Sporting, é verdade.»

No fundo foi uma fuga para a frente do presidente, depois das saídas de Luís Duque e Carlos Freitas. «Eu assumo tudo o que tem a ver com o futebol. Saí de umas eleições complicadas, estive a conhecer o clube e tenho agora um regime presidencialista como Vieira e Pinto da Costa», garantiu.

Nesse sentido, acrescentou o presidente, a escolha de Franky Vercauteren passou pelos três: Luís Duque, Carlos Freitas e Godinho Lopes. «Houve ofertas de dezenas de treinadores, o Sporting é um clube grande e apetecível, mas escolhemos um treinador que tenha de vir defender uma causa.»

Vercauteren: «Quero ficar para lá da época»

«E que causa é essa? É conseguir que o Sporting consiga os seus objetivos de internacionalização e de qualidade através da formação. Fomos buscar um treinador que jogou no Anderlecht, que fez parte da estrutura de formação do Anderlecht e que foi campeão no Anderlecht e no Genk», frisou.

Franky Vercauteren «representa uma mudança». «O futebol fica sob a minha responsabilidade. O Sporting na área de formação tem tido sucessos sobre sucessos. Porquê? Porque é um modelo instalado e no qual as pessoas conseguem viver e desenvolver as atividades em conjunto.»

Ora o futuro passa por ter a mesma liderança nas duas áreas do futebol do clube, o futebol profissional e o futebol de formação. «A formação faz parte do ADN do Sporting e a organização que existe na academia na área da formação tem de ser levada para a equipa profissional», garantiu.

«Scolari foi um nome em cima da mesa, é verdade»

Nesta entrevista à RTP, Godinho Lopes repetiu várias vezes que as saídas de Luís Duque e Carlos Freitas passam por uma mudança de paradigma, que o clube vai voltar a apostar na formação e que «Paulo Farinha Alves é um jurista e não veio tratar do futebol mas da organização do futebol».

Já foi o presidente, por exemplo, a falar com Scolari. «O Scolari foi um nome, é verdade. A abordagem foi minha. Luis Felipe Scolari não serviu porque eu disse que queria ter uma abordagem mais abrangente. O Sporting tem o treinador que queria desde o primeiro momento», garantiu.

De resto há outro nome que assume uma importância capital nesta fase do clube: Oceano. «Houve uma pessoa que acompanhou todo este processo de reestruturação, que foi o Oceano», revelou Godinho Lopes. «Eu fui conversando com ele sobre a reestruturação que tem sido feita no clube.»

«Sou incapaz de me demitir»

Godinho Lopes garantiu ainda que nunca lhe passou pela cabeça sair do Sporting. «Sou incapaz de me demitir», referiu, ele que não dá nada por perdido esta temporada. «O Real Madrid está a oito pontos do Barcelona. O Sporting está a oito pontos do Porto e do Benfica no priemiro lugar.»

No entanto, admitiu, já teve de despedir dois treinadores e mudou a estrutura do futebol. «O meu projeto no futebol profissional falhou. Mas fizemos a auditoria, alterámos os estatutos, criámos cinco modalidades, estamos a finalizar o projeto do pavilhão, criámos o centro em Odivelas...»

«Eu acho que tenho jeito para ser presidente do Sporting. Eu não tenho de gerir o Sporting como uma empresa, tenho de o gerir com um clube. Tenho de o gerir com atenção aos sócios. O Sporting não só tem ordenados em dia, como nunca utilizou o fim de uma modalidade para justificar o que quer que seja.»

Por fim, o presidente mostrou irritação com o que se passa dentro do Sporting. «Toda a gente fala, é inacreditável. A questão é: quem trabalha no Sporting? Quem põe tudo no Sporting? Eduardo Barroso às vezes comporta-se como um adepto, mas ele é presidente da Assembleia Geral.»