José Couceiro, seleccionador da Lituânia, e Nelson, guarda-redes do Estrela, não têm dúvidas sobre o rumo que o futebol deveria tomar. O treinador português acredita que pequenas alterações podem proporcionar grandes efeitos. Já o jogador prefere a tecnologia a mais dois assistentes em campo.
«Sou favorável a que haja alterações e se aproveitem as tecnologias a favor da verdade desportiva. A questão é como se vão aplicar», defendeu José Couceiro, em conversa com o Maisfutebol. «Repare, no basquetebol há três árbitros para um campo de 40x20 metros e no futebol há os mesmos três para um campo de 105x68 metros», começou por alertar o treinador português, referindo-se à introdução de mais dois elementos da arbitragem em campo.
Quanto às tecnologias, José Couceiro alertou para a diferenciação: «As imagens televisivas têm de resultar do mesmo número de câmaras. Um jogo grande não pode ter 14 e um mais pequeno três, assim não há igualdade.»
Para o seleccionador da Lituânia, que prossegue uma caminhada histórica rumo ao Mundial 2010, as soluções apresentadas - Hawkeye, microchip ou os dois árbitros - «não resolvem por completo, mas minimizam os erros». «Vai demorar algum tempo. Mas penso que é preciso diferenciar o futebol profissional do amador. Por que têm de ser iguais?»
Mas também as próprias regras de jogo deviam ser alvo de melhorias, na opinião de José Couceiro. «Não se trata de desvirtuar e sim de evoluir», justificou, dando alguns exemplos: «Até aos 70 minutos defendo um time out. Na parte final não, pois é muitas vezes nesse período que se decidem os jogos. E também não compreendo por que um jogador substituído não pode voltar a entrar. São duas coisas em que não há qualquer subjectividade pois a responsabilidade é do treinador. E por que motivo um 1-0 há de dar os mesmo três pontos ao vencedor que um 4-3, ou um 0-0 o mesmo ponto que um 4-4? Não é o golo o objectivo do jogo?»
Nelson e a experiência do golo-fantasma frente ao Leixões
Na última jornada, em Matosinhos, Nelson sentiu na pele a contestação do adversário junto à sua baliza. Foi ao minuto 31 da 12ª jornada, frente ao Leixões: Braga rematou fortíssimo do meio da rua, Nélson defendeu em dificuldade, a bola encaminhou-se para a baliza, o guarda-redes tirou em cima da linha, Diogo Valente fez a recarga e a bola ficou presa nas pernas de Nelson.
«Ainda agora me aconteceram dois lances assim. Não me deixaram nenhuma dúvida e ao árbitro [Carlos Xistra, da A.F. Castelo Branco] também não, que ajuizou correctamente ambos. Uma bola entrou, a outra não», comentou Nelson, referindo-se ainda ao golo assinalado aos 58 minutos, da autoria de Wesley.
«Sou a favor das novas tecnologias, de modo a que se dê ao jogo a maior verdade possível. A inserção de um microchip na bola ou a utilização de câmaras sobre a linha de golo permitem um melhor juízo de situações difíceis de analisar, contribuindo para a verdade desportiva e não para a suspeição. Sou 100 por cento a favor, desde que sejam infalíveis», defendeu.
Já a introdução de mais dois elementos de arbitragem oferece dúvidas ao antigo guarda-redes do Sporting. «O ideal seria estarem no prolongamento da linha de baliza, mas isso é impossível, tal como estar dentro da baliza. Atrás não está alheio a dúvidas, porque em alguns lances o guarda-redes pode tapar a bola», observou.
Questionado sobre as sugestões de Benquerença e Duarte Gomes, de que todos os protagonistas de um jogo deviam estar sujeitos à evolução, o guarda-redes do Estrela concordou. «Se queremos toda a verdade deveria ser assim. Todas as situações que possam adulterar um jogo deveriam estar ao alcance do juízo do árbitro, sejam foras-de-jogo, simulações, faltas...»