Saber onde é que o Governo gasta o dinheiro dos contribuintes já é possível. Uma associação decidiu fazer um site que revela as compras feitas pelos organismos públicos através de ajuste directo, ou seja, sem concurso público, por considerar que a base de dados oficial não permite fazer pesquisas eficazes.

Nesta lista a que pode aceder AQUI encontra os mais variados produtos, a que preço são adquiridos e a quem foi adjudicado.

Ministério das Finanças afasta responsabilidade sobre compras públicas

As compras estão relacionadas sobretudo com a área das tecnologias e há «campeões» em termos de adjudicações. É o caso da Prológica - sistemas informáticos S.A, que trabalha em parceira com a JP Sá Couto na produção de Magalhães (com 11 atribuições), seguida pela Novabase com 6.

É possível procurar por mais detalhes do negócio no

portal oficial dos contratos públicos online. Ou seja, permite pesquisar informação que muitas vezes é difícil de encontrar.

Quanto custa o quê?

Ao aceder a esta lista listagem, ficará a saber, por exemplo, que a renovação do licenciamento de software Microsoft foi atribuído à Prológica (empresa ligada ao projecto Magalhães) por 14,3 milhões de euros; e que a Universidade do Algarve adjudicou à «Viagens Abreu» uma viagem aérea Faro/Zagreb (com regresso a Faro, para 1 pessoa durante três dias) por 38 mil euros.

Fotocopiadora custa seis milhões de euros

Mais caro ficou um toner para impressora «hp p2015» adquirido pela Administração Regional de Saúde do Centro/ Sub-Região de Saúde de Aveiro à ATM por 45 mil euros.

Já o município de Beja comprou à Cannon Portugal para a divisão de obras municipais, em Outubro,

uma fotocopiadora
, «multifuncional do tipo IRC3080I» por 6,5 milhões de euros.

Câmara fala em erro informático

Esta informação está, no entanto, limitada às compras efectuadas a partir de Agosto de 2008, mas há muito por onde procurar gastos exorbitantes aqui.

Segundo o jornal «Público», este site foi desenvolvido em 8 horas de trabalho e foi gasto apenas 18 euros (para um registo do domínio transparência-ap.org). Criado pela Ansol (Associação Nacional para o Software Livre), uma organização sem fins lucrativos, e que se dedica a fomentar o uso de software livre.

A ideia de lançar este site, de acordo com o «Público», surgiu quando a associação se apercebeu de que o portal dos concursos públicos tinha vários problemas de funcionalidade, explicou o vice-presidente, Rui Seabra.

Em entrevista ao blog Bitates, Rui Seabra considera que o portal oficial «é um exemplo de erro de informática no ponto de vista da usabilidade», mas considera «pouco razoável que a elevada quantidade de valores estranhos seja justificada apenas com erros de duas casas decimais não consideradas na introdução dos dados».