Vitória argentina, com simbolismo, com Maradona no banco, no reencontro com a Grécia, a última equipa nacional a sofrer aos pés do Pelusa. Diego despediu-se da selecção, como jogador, com um golaço aos gregos, em 1994. Agora, como treinador, não os goleou, mas envergonhou-os por estratégia que quase deu resultado, mas que, no final, não passou de absurda, pela insistência. A Argentina faz o pleno com nove pontos em três jogos.

Tzorvas a defender, Karagounis a reclamar

Faltas, mais faltas e ainda mais faltas. Como se não bastasse a estratégia superdefensiva, a Grécia usou e abusou das infracções a meio-campo. Para travar Messi, sobretudo, mas também tudo o que mexia de azul vestido. A estratégia era simples. Ter fé na Nigéria, para que vencesse a Coreia do Sul, e impedir qualquer golo argentino. Ao intervalo, só o primeiro pressuposto não estava cumprido.

Os gregos tinham nove homens a defender e Samaras na frente. No entanto, o 11º jogador é que era fundamental na equação. Porque o talento argentino sobrou para romper a defesa helénica. Não chegou, porém, para bater Tzorvas, um herói grego em 45 minutos. Tentou Aguero, tentou Veron, tentaram Maxi Rodriguez e Messi. Tudo esbarrou nas luvas do guarda-redes.

Tzorvas destacava-se pelo que defendia, Karagounis pelo que reclamava e os restantes por «mancharem» de branco meia-parte do terreno de jogo. Messi sobressaía por ter a braçadeira de capitão argentino pela primeira vez na vida e também por nunca ter deixado de tentar quebrar a muralha contrária.

Sai Karagounis, sai Katsouranis...mas ainda tinham defesas

O mais criativo dos gregos ficou no balneário. Karagounis saiu ao intervalo, passou a braçadeira a Katsouranis, mas contagiou o também ex-benfiquista. Katso saiu lesionado e, no mesmo minuto, Torosidis também saía. A Grécia perdia dois elementos, podia mudar de estratégia, mas optou por colocar os defesas que ainda tinha no banco. Restou Seitaridis, diga-se.

A Argentina pouco se importava com o que acontecia, interessava-se por si própria, em busca do golo, em busca de Messi, que tentava, tentava, tentava, mas ou era travado em falta, ou não havia quem lhe desse um toque de ajuda. Di María entrou depois.

Entre mais defesas de Tzorvas, a alviceleste lá trocava a bola, esperava por uma falha, até porque a qualificação nunca esteve em perigo. Contava, no entanto, que os gregos arriscassem mais depois de saberem que a Coreia vencia a Nigéria. Mas não, não lhes está na mente jogar ao ataque. Ninguém critica o defender de um resultado, seja com autocarros, seja com o Partenon em frente à baliza. Mas a precisar de vencer e não mudar para o ataque já é um pouco estranho.

E mais estranho é quando se está a perder e sabe-se que esse resultado é o único que não interessa. Demichelis cabeceou a canto de Di María, recebeu um ressalto de Milito e bateu Tzorvas pela primeira vez. O Partenon grego estava feito em ruínas.

Messi e Di María...e outra vez Messi

A Argentina festejava com um golo o apuramento, mas Messi queria mais. Queria marcar. Di María tabelou com o dez, deu de calcanhar. Messi arrancou, mas a bola bateu no poste. Incrível. Messi arrancou de novo, tabelou com Di María, atirou e Tzorvas defendeu para a frente. Palermo, «el loco», já estava em campo. Palermo, «el loco», estava mais uma vez no sítio certo. Palermo fazia o 2-0 e colocava Maradona no colo de um argentino, em celebração.

Há 16 anos fora parecido. A Argentina despachara a Grécia com um 4-0, Diego marcou um golaço e disse adeus à selecção, apanhado no doping.

Agora, deu a braçadeira à sua própria encarnação. Messi não marcou, não gritou um golo, mas honrou a camisola que fora de Maradona como já fizera nas partidas anteriores. Tem o México e os oitavos-de-final para o fazer com golos.