O Estádio do Dragão será palco, no próximo domingo, de um reencontro entre antigos colegas, remetidos agora a novos clubes, num país diferente, mas ligados pelo mesmo sentimento de amizade. Aly Cissokho, lateral-esquerdo contratado pelo F.C. Porto ao V. Setúbal em Janeiro, e Alexandre Hauw, ao serviço da Naval, conhecem-se dos tempos passados (ente 2006 e 08) no Gueugnon e sabem muito bem o que os espera, de um lado e do outro.
«Já quando estávamos em França, sabia que o Aly tinha grandes qualidades e podia chegar longe mas confesso que não esperava vê-lo tão depressa num grande clube como o F.C. Porto e a jogar a Liga dos Campeões. Ele sabe que tem ainda de melhorar em termos de posicionamento mas neste último jogo, com o Atlético de Madrid, esteve bem, muito certinho e atento», analisa o médio navalista, que esteve no Dragão a ver o amigo a jogar ao vivo.
Apesar de saber que teria um espectador especial nas bancadas, os antigos companheiros não tiveram oportunidade de falar. As conversas entre eles, ainda assim, acontecem regularmente e, apesar de não ter feito qualquer aposta com o lateral portista, Hauw confessa que lhe fez um pedido: «Disse-lhe para tentar ser meigo connosco [risos]. Agora fora de brincadeiras, sabemos que vai ser muito complicado para nós. O F.C. Porto está cheio de confiança, motivado pela passagem aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, e não pode perder pontos. Mas é um jogo, tudo pode acontecer.»
Ponto fraco? Obrigá-lo a jogar com o pé direito
A Naval, de resto, até já ganhou aos campeões nacionais esta época, na primeira volta, mas para o francês estão em causa momentos diferentes. «Na altura, vinham de uma derrota em casa com o Leixões, um período difícil. Agora, estão com a corda toda. Ainda por cima vão jogar connosco a saber já o resultado do Benfica com o V. Guimarães», avalia.
O facto de conhecer tão bem um dos adversários permite a Alexandre Hauw traçar um perfil completo de Cissokho, com pontos fortes e fracos: «Essencialmente, não se pode deixá-lo ganhar velocidade senão é muito complicado acompanhá-lo, porque ele é poderoso e rápido. A solução pode ser - e nesse capítulo eu sei como é porque sou também esquerdino - obrigá-lo a jogar por dentro, para ser forçado a utilizar o pé direito», aconselha o médio dos figueirenses.
Peiser, o outro ex-colega: «Melhorou imenso»
O plantel da Naval conta ainda com outro ex-colega de Cissokho no Gueugnon: o guarda-redes Peiser. Apesar de realçar a diferença de idade que tem para o defesa portista (8 anos) e de indicar o conterrâneo Hauw como melhor pessoa para falar do jovem esquerdino, o guardião realça as principais qualidades do antigo companheiro: «Fisicamente, é capaz de devorar o adversário directo. Se for preciso, faz quatro ou cinco subidas e descidas pela ala num curto espaço de tempo com uma potência impressionante. Claro que tem de se aperfeiçoar em vários aspectos mas é super jovem [21 anos] e já ter esta qualidade é um bom augúrio.»
No Gueugnon, Peiser diz que não teve grande oportunidade de conviver com o lateral porque este tinha acabado de chegar dos juniores e era um rapaz «pouco expansivo no balneário, passava mais tempo com os outros miúdos do plantel». Ainda assim, assegura que progrediu bastante: «Melhorou imenso. Mesmo em relação ao V. Setúbal. Estar num grande clube também ajuda. Deve estar muito confiante e tem aprendido muito. Nos cruzamentos, por exemplo, já coloca bem a bola e até tem feito assistências.»