A estrada da vida nem sempre é o somatório de quilómetros em linha recta. Também há curvas apertadas que podem causar despistes e acidentes de percurso para quem traçou como objectivo chegar mais além. Hélder Calviño, médio do Boavista emprestado ao Paços de Ferreira, despistou-se numa dessas curvas mais apertadas que caracterizam a carreira de um futebolista. «Comecei mal, mas vou acabar bem», diz o jogador ao Maisfutebol. Está lesionado. Na semana passada, foi operado ao pé direito para soldar uma fissura depois de um começo de época atípico. Torceu o pé na pré-temporada e foi afastado dos trabalhos da equipa. Regressou à competição e jogou até ao encontro com a Naval, a 9 de Janeiro, da 16ª jornada da Liga de Honra. Mas magoou-se pouco tempo depois. Agora, recupera e tem fé em regressar antes do final da época...
Esta manhã, viu o jogo treino entre o Boavista e o Paços de Ferreira sentado numa cadeira e com o pé direito apoiado. Ao lado, as muletas: «Tinha criado muitas expectativas para fazer uma boa época e ajudar a equipa a subir. A subida à Superliga está bem encaminhada, mas esta lesão prejudicou-me. Agora, só espero voltar em grande». A tempo de participar na festa de subida do clube pacense, líder da Liga de Honra. «Era uma boa prenda. Tenho uma faixa em casa quando fui campeão nacional de juniores pelo Boavista. Agora ser campeão da Liga de Honra é diferente, dava-me outro estatuto. Para quem tem 20 anos, seria muito bom». Hélder Calviño sonha acordado, apesar do destino lhe ter pregado esta partida. «Já vi cinco jogos na bancada. É muito, muito difícil», resume com cara de caso.
É ainda mais difícil para quem chegou a Paços de Ferreira com uma mão-cheia de ilusões, depois de ter ganho o estatuto de grande promessa no Boavista. «Antes da lesão tinha sido sempre opção e a equipa estava a fazer um bom campeonato. Pensei que fosse o meu ano, mas enganei-me». A infelicidade surgiu ao abrir da esquina. Ainda para mais porque Hélder Calviño é um jogador que tem suscitado a atenção dos grandes. Quando o guarda-redes Ricardo se transferiu para o Sporting, o clube de Alvalade ficou com o direito de opção de compra deste número dez que tem em Zidane o ídolo-maior do seu futebol. «Sobre o Sporting não quero falar. Sinto-me muito feliz em Paços de Ferreira e sei que as pessoas gostam muito de mim, mas quero voltar ao Boavista. Mas se o Paços quiser que continue também posso ficar», adianta o jovem jogador com contrato com os axadrezados por mais três anos.
Aliás, Hélder Calviño tem uma relação muito particular com o Boavista. «Comecei a jogar aqui desde as escolinhas. Quando tinha seis anos, o meu pai levou-me às captações». No primeiro treino, deslumbrou. O falecido Jaime Garcia, descobridor de vários talentos na história do clube do Bessa, depressa falou com o pai e pediu-lhe a documentação necessária para o miúdo integrar o plantel. Já sou um jogador da casa». São 14 anos de xadrez ao peito. Vestiu logo a camisola número dez, porque sempre foi médio organizador. Sagrou-se campeão nacional de juniores e na época passada integrou o plantel sénior às ordens de Erwin Sanchez. Somou seis jogos. Esta temporada aperfeiçoava a técnica e ganhava experiência sob o comando de José Mota. Até se lesionar...