Ernesto Farías, goleador renascido no Estádio do Dragão, conquistou a alcunha de «Tecla» quando surgiu num treino da equipa principal do Estudiantes com um dente negro, desgastado após ter sido atingido na cara quando tinha apenas 12 anos. O nome de guerra perdurou no tempo, mas a família sempre o conheceu como Mati. Um dos melhores marcadores da história do campeonato argentino ia ter nome de...guarda-redes.
Ubaldo Matildo Fillol, «El Pato», defendeu a baliza da selecção argentina na histórica conquista do Mundial de 1978, disputado no país das pampas. Rezam as crónicas que o pai de Ernesto Farías rendeu-se à classe de Fillol e queria baptizar o seu rebento como Matildo, mas tal não foi possível. Ficou Ernesto no registo, Mati para os amigos.
«Isso enche-me de orgulho»
Passaram-se 30 anos sobre a conquista da Argentina, 27 sobre o nascimento do actual avançado do F.C. Porto, mas a verdade é que Ubaldo Matildo Fillol nunca tinha ouvido esta história. Aliás, não conseguiu esconder a sua emoção quando, em conversa com o Maisfutebol nesta terça-feira à noite, ficou a saber que foi o herói de infância de Farías.
«A sério? Sinceramente, isso enche-me de orgulho, fico mesmo muito emocionado, porque não fazia ideia que um jogador consagrado como o Farías ia ser baptizado com o meu nome. Agora, você conseguiu surpreender-me», reagiu Fillol, ao telefone desde Bueno Aires, no conforto dos seus 57 anos.
«Farías e Lisandro são pré-seleccionáveis»
O antigo guarda-redes marcou presença em três Mundiais, em 1974, 1978 e 1982. Quando descalçou as luvas, passou a ensinar os mais jovens, trabalhando no Racing de Avellaneda e na selecção argentina. Começou a trabalhar com Pekerman nas selecções mais jovens e, no Mundial de 2006, foi chamado para a equipa técnica da selecção principal. O estatuto permite-lhe revelar que Farías e Lisandro López (com quem trabalhou no Racing) fazem parte de uma lista natural de pré-seleccionáveis para a «celeste».
«O Farías esteve com Pekerman nas selecções jovens pouco antes de eu chegar, mas nunca me cruzei com ele. É uma pena, ainda por cima sabendo agora o que sei. De qualquer forma, é um jogador consagrado, um dos melhores avançados da história do futebol argentino. Tem muito prestígio mas ainda pode dar muito mais. Tanto ele como o Lisandro, que reencontrei quando ele veio à selecção, são goleadores natos e têm lugar em qualquer equipa do Mundo. Sei que fazem parte de um leque de jogadores pré-seleccionáveis da Argentina», refere o actual treinador de guarda-redes.
«Mariano González precisa de carinho»
Fillol conhece vários jogadores do plantel do F.C. Porto, e não só. Esteve com Lucho González na selecção nacional, com Lisandro López, Mariano González e Léo Tambussi (Boavista) no Racing de Avellaneda. «Tudo belos jogadores. Como estão por aí?», interroga-se. Dúvidas desfeitas, reconhece que Mariano precisa de constante atenção.
«No Racing, o Mariano e o Lisandro faziam um ataque terrível, estavam na plenitude das suas capacidades. Por outro lado, é verdade que o Mariano precisa de sentir confiança, de estar sempre a ser moralizado. Tem um feitio especial e acaba por ir-se abaixo facilmente quando as coisas não correm bem. Mas, moralizado, tem qualidades tremendas», garante, ao Maisfutebol.