A Liga portuguesa dá sinais de equilíbrio na luta pelo título, com as três primeiras equipas separadas por três pontos. De resto, até ver as distâncias parecem tender a reduzir-se, com líder e décimo classificado separados por 14 pontos. Fomos ver como comparam os nossos números com os melhores campeonatos da Europa e confirmámos uma impressão: esta época, ninguém ganha tanto fora de casa como nós. É a nova especialidade da Liga portuguesa.

Esta foi a jornada em que se decidiu quem discutirá o título. A derrota do Sporting de Braga em casa deixou a equipa de Jesualdo Ferreira a oito pontos de Benfica e Sporting e a onze do FC Porto. Ou seja, os bracarenses estão fora da corrida, se é que alguma vez pensaram a sério no tema. Dos outros clubes na primeira metade da tabela não é legítimo esperar que se aproximem dos grandes.

A ronda 9 estabeleceu também uma diferença que deve ser suficiente para afirmar que os três lugares da Liga dos Campeões estão entregues. Restará saber qual a ordem, o que não é um detalhe. Essa luta é para já uma coisa a três, o que representa algo de novo em relação ao que se previa no início do campeonato. 

Entre o primeiro e o décimo há 14 pontos. Não é muito, mas também não é dos registos mais equilibrados da Europa.

Se o que deseja é emoção, o lugar certo para ver futebol é a Holanda.

Depois de três épocas de domínio do Ajax, esta temporada as coisas parecem diferentes. Claro que é muito cedo para definir tendências. Basta olhar para a classificação. Na frente segue o AZ, com 22 pontos. O Vitesse é segundo com 21. O Twente até tem melhor ataque e melhor defesa, mas divide o últmo lugar do pódio com o Feyenoord, ambos com 20 pontos. Entusiasmado? Olhe que não é tudo. Do quinto ao oitavo todos têm 19. A distância do primeiro para o décimo segundo é medida em escassos sete pontos. Sim, leu bem. Para a semana pode ser tudo diferente e isso é ótimo.

De resto, os holandeses têm também a melhor média de golos (3,4) por jogo, o que não é propriamente novidade, num campeonato onde ser defesa não é vida fácil. Parecido só a Bundesliga, onde se marcam, em média, 3,2 golos por cada partida. Apesar de haver tantos golos, o resultado mais desnivelado do campeonato holandês foi um 6-0. E, fenómeno curioso, o melhor marcador pertence ao clube que ocupa a 10ª posição, o Heerenveen. Chama-se Alfreo Finnbogason, é islandês, e talvez valesse a pena observá-lo. Conseguiu 11 dos 24 golos da antiga equipa de Djuricic.

Nesta altura, a luta pelo título continua interessante em quase todos os campeonatos, o que faz sentido. Afinal, isto começou há pouco tempo. A Liga mais aborrecida é a grega, com dez pontos a separar o Olympiakos (melhor ataque, melhor defesa e melhor marcador) do terceiro classificado, o Atromitos. Vale um extraordinário PAOK, mas não custa adivinhar mais um passeio do adversário do Benfica na Liga dos Campeões.

Os campeonatos com maior distância entre primeiro e décimo são o espanhol (19 pontos), russo (19), italiano (18), belga (18) e ucraniano (17).

Ganhar fora de casa

Olhar para os números das doze principais Ligas europeias permite sublinhar algo que o Maisfutebol já tinha notado, há algumas jornadas. A diferença registada esta temporada entre vitórias em casa e vitórias fora é extraordinária.

Depois de jogada a nona jornada, a Liga portuguesa regista 29 vitórias em casa e 28 fora de portas. Em percentagem, 40/39!

Em nenhum campeonato existe semelhante equilíbrio. A Rússia é o que mais se aproxima, como pode ver.

PORTUGAL 40 por cento vitórias em casa/39 por cento vitórias fora (1 de diferença)
Rússia 38/31 (7)
Espanha 45/34 (11)
Inglaterra 46/32 (14)
Alemanha 48/29 (19)
Bélgica 47/28 (19)
Turquia 49/29 (20)
Ucrânia 49/28 (21)
Itália 50/28 (22)
França 48/24 (24)
Grécia 49/21 (28)
Holanda 50/21 (29)

Talvez com alguma surpresa, a emocionante Holanda é a mais previsível, a mais conservadora: em metade dos jogos, a equipa da casa vence. Resta saber por quantos!

Onde há mais golos?

A lista de golos por jogo é liderada por Holanda e Alemanha, o que não surpreende. O facto de Portugal aparecer em nono lugar também está de acordo com a norma. Já é pouco comum ver a Itália na terceira posição e ainda menos com tão grande distância para a Premier League, o campeonato, de entre os doze observados, com menor número de golos por desafio. Um problema ou um dado apenas circunstancial?

Holanda, 3,4
Alemanha, 3,28
Itália, 2, 91
Bélgica, 2,8
Espanha, 2,78
Turquia, 2,61
Ucrânia, 2,6
Rússia, 2,54
PORTUGAL, 2,49
Grécia, 2,44
França, 2,44
Inglaterra, 2,4

Os melhores marcadores

Diego Costa e Cristiano Ronaldo são os avançados em maior destaque no início da temporada 2013/14, a par de Ibrahimovic. Os dois primeiros somam 13 golos no campeonato, o sueco não aparece entre os primeiros da Liga francesa, mas a qualidade do que fez até agora distingue-o.

Além dos avançados de Atlético e Real Madrid, há mais dois jogadores com 13 golos: Devic, na Ucrânia, e Mitroglou, a Grécia. Eis a lista.

Espanha
Diego Costa (Atlético Madrid) e Cristiano Ronaldo (Real Madrid), 13 golos

Ucrânia
Marko Devic (Metalist), 13

Grécia
Mitroglou (Olympiakos), 13

Holanda
Alfreo Finnbogason (Heerenveen), 11

Bélgica
Ivan Santini (KV Kortrijk), 11; Hamdi Harbaoui (Lokeren), 11

Rússia
Dzyuba (Rostov) e Danny (Zenit), 10

Alemanha
Lewandowski (Borussia Dortmund), 9

Itália
Rossi (Fiorentina), 9

Portugal
Montero (Sporting), 9

França
Cavani (PSG), 9

Inglaterra
Aguero (Manchester City) e Sturridge (Liverpool), 8