Hélder Postiga participou no II Congresso Internacional de Periodização Tática, que decorre em Vila Nova de Gaia. O ex-futebolista juntou-se ao painel de oradores, do qual faziam parte José Alberto Costa e Maria João Xavier, para falar sobre o talento e o futebol de formação.
O antigo internacional português algumas ideias fortes sobre o tema como o fim do futebol de rua e acabou a recordar treinadores como Jesualdo Ferreira e José Mouinho.
«Defendo que o futebol jovem em Portugal devia ser desenhado para recriar o futebol de rua. Miúdos de 13 anos não deviam jogar futebol de 11, mas sim jogos de 7 contra 7. Já assisti a jogos de formação em que uma equipa não sai da grande área. É importante que os jogadores toquem muitas vezes na bola. Em jogos de futebol de 11 há miúdos que não tocam na bola. Deve-se treinar em espaços reduzidos, obrigar os miúdos a desenvolverem-se mais. Acima de tudo falta contacto com a bola, magia, perfume e ginga. Temos de dimensionar o talento», refletiu.
De acordo com Postiga, fazer com que o talento sobreviva no meio de uma equipa é das tarefas mais difíceis para um treinador.
«Fui apelidado de atrevido. Era frontal. Sai das Caxinas, mas as Caxinas não saíram de mim. O atual diretor desportivo do Rio Ave [Vilas Boas] veio treinar à equipa principal. O Mourinho perguntou-lhe se era caxineiro como o Paulinho Santos ou se era como eu. Isto para dizer que duas pessoas que estão juntas podem pensar de forma diferente», lembrou.
Postiga sublinhou ainda que «nunca conheceu nenhum jogador para quem tudo estivesse bem» e sustentou a afirmação.
«A entrada do Mourinho no futebol português mudou muita coisa. Na pré-época, em Saint-Étienne, os treinos eram todos com bola. Na viagem de autocarro os jogadores mais velhos diziam que assim íamos cair em outubro. Eles estavam formatados para correr até cair ou vomitar. O facto de não conhecerem outra realidade deixava-os com medo do que poderia acontecer. Jogadores como o Jorge Costa e o Vítor Baía, que já tinham feito mais de 15 pré-épocas, estavam com medo. Muitos treinadores baseiam-se e vão atrás do que foi o Zé Mourinho em 2002», acrescentou.
Postiga concluiu a participação para lembrar que os jogadores estão em constante crescimento e deu o exemplo de Jesualdo Ferreira.
«Há treinadores que acham que não têm de ser professores e estão enganados. Os Jogadores estão em aprendizagem contínua e acho bem que parem o treino para corrigir. O Jesualdo tem mérito precisamente por isso. Mesmo nos seniores parava os treinos para corrigir apoios, receções, etc», referiu.
Futebol
31 mai 2019, 15:00
Postiga e a pré-época com Mourinho: «Baía e Jorge Costa estavam com medo»
Exemplo dado pelo ex-futebolista ilustra o medo que os jogadores têm do desconhecido
- Vítor Maia
- Jornalista
- @VtorMaia4
Mafamude, Vila Nova de Gaia
Exemplo dado pelo ex-futebolista ilustra o medo que os jogadores têm do desconhecido
- Vítor Maia
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Mafamude, Vila Nova de Gaia
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