O presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF) defende que as pessoas vão parar ao futebol da Arábia Saudita «por dinheiro» e projeta que a contratação de jogadores de elite pelos clubes da Arábia Saudita «nada muda» no paradigma europeu, baseado nas receitas de transferências e televisão.

«A única diferença é que, em vez de os clubes europeus venderem à China, ao Japão, à Rússia e à Turquia, desta vez estão a vender ao Qatar, aos Emirados Árabes Unidos e à Arábia Saudita. De resto, não há diferença absolutamente nenhuma, visto que o modelo sempre foi fazer campeonatos competitivos com base em receitas ordinárias televisivas e aproveitar as extraordinárias para, de alguma forma, investirem nas infraestruturas, nas equipas e no desenvolvimento da modalidade», referiu Artur Fernandes, à Lusa.

«Não vale a pena estar com rodeios: as pessoas vão lá parar por dinheiro. Aquilo que se acusa ou se deixa de acusar é plenamente lateral. É uma questão política de cada um e não tem absolutamente nada a ver com os agentes, que trabalham o lado desportivo. As decisões baseadas nessas questões sociais apenas a eles dizem respeito», considerou, ao reconhecer que as acusações de práticas de sportswashing e de violação dos direitos humanos associadas à Arábia Saudita «nada têm a ver com a opção desportiva de cada treinador ou jogador».

Karim Benzema, N’Golo Kanté e Jota (Al-Ittihad), Alex Telles, Marcelo Brozović e Seko Fofana (Al Nassr), Kalidou Koulibaly, Rúben Neves, Sergej Milinković-Savić e Malcom (Al-Hilal) e Roberto Firmino, Édouard Mendy e Riyad Mahrez (Al-Ahli) foram nomes sonantes que já rumaram a quatro dos principais clubes do país, detidos desde junho pelo Fundo de Investimento Público (PIF), neste mercado de verão.

«O futuro vai passar bastante por uma melhoria destes mercados, tendo em conta que os melhores irão estar sempre nas Ligas inglesa, francesa, alemã, espanhola e italiana. Não há nada nem ninguém que, pelo menos nos próximos anos, consiga destronar os top 5. Agora, o campeonato saudita estará aí para durar até 2034, ano no qual se espera que o país organize o Mundial. Acho que têm tudo para continuar a investir no futebol», vincou.

«O sonho de um jogador bom, que tenha mercado na Europa, esteja no top 20 ou 30 do futebol mundial e seja jovem, vai continuar a ser sempre de alinhar num Real Madrid, Barcelona, Manchester United, Chelsea ou Arsenal. Não há a menor dúvida sobre isso. Depois, vão chegar a uma idade que, se calhar, podem fazer coisas diferentes», analisou, ainda.