Ángel Di María, numa carta aberta publicada no The Players’ Tribune, relembrou as oportunidades que o Benfica lhe proporcionou, clube ao qual chegou com 19 anos, e as dificuldades que enfrentou antes de se afirmar nos encarnados.

«Talvez algumas pessoas olhem para a minha carreira e pensem: ‘wow, ele passou pelo Benfica, depois para o Real Madrid, Manchester United, PSG’ e talvez pareça fácil. Mas não conseguem imaginar o que aconteceu pelo meio», começou por dizer.

«Quando cheguei ao Benfica, com 19 anos, mal tinha jogado duas épocas. O meu pai deixou o emprego para mudar-se comigo para Portugal. Algumas noites cheguei a ouvi-lo ao telemóvel com a minha mãe a chorar porque sentia a sua falta. Por vezes, pareceu-me um erro gigante. Não era titular e queria desistir e ir para casa», recordou.

Ainda sem se afirmar na equipa, o internacional argentino encontrava-se «sem esperança» e relembra como os Jogos Olímpicos de 2008 mudaram a sua vida: «A Argentina chamou-me a jogar apesar de não ser titular no Benfica. Nunca esquecerei isso. Aquele torneio deu-me a oportunidade de jogar ao lado de Leo Messi, o génio. Foi a altura em que mais me diverti a jogar futebol.»

O médio transferiu-se depois para Real Madrid em 2010 e revela um episódio ocorrido durante o Mundial 2014 em que o emblema merengue enviou uma carta pedindo que o jogador não disputasse a final frente à Alemanha para não arriscar uma lesão, pois queriam vendê-lo naquele verão.

«Percebi logo do que se tratava. Toda a gente tinha ouvido os rumores que o Real Madrid queria contratar James Rodríguez depois do Mundial e sabia que me queriam vender para abrir espaço para ele. Por isso, não queriam que o seu peão se lesionasse. Pedi a carta. Nem sequer a abri. Rasguei-a em pedaços e disse: 'deita-a fora, quem decide aqui sou eu’», recordou.

Apesar disso, Di María acabou mesmo por não ser opção para Alejandro Sabella, selecionador argentino na altura.