Um ano depois de ter deixado o cargo de diretor desportivo do Barcelona, Andoni Zubizarreta concede uma entrevista ao jornal «Marca», assumindo que o momento mais difícil foi a saída de Pep Guardiola.
 
«É, seguramente, aquilo que é mais difícil explicar. Mistura-se o lado pessoal e profissional mais do que em qualquer outro caso. Cheguei em 2010 porque Sandro Rosell e Pep assim entenderam. Um dos meus desafios era conseguir que o Pep continuasse. Reconheço que uma das minhas derrotas, quiçá a maior, foi que ele não continuasse», explica o dirigente, que lamenta também o afastamento pessoal.
 
«Posso apenas dizer que é uma amizade que ficoi entre parêntesis. Se agora está em aberto seria bom encerrá-lo em algum momento da vida», acrescenta.
 
Em todo o caso Zubizarreta deixa rasgados elogios a Guardiola, destacando a «visão inovadora, distinta, contracultural». «Ele via coisas que nós não víamos», recorda.
 
«Com Guardiola o jogo e o treino não estão desligados. O futebol não é força, velocidade e resistência. Também não é só tática ou técnica. É o universo combinado de todas essas coisas e muitas mais. Trouxe uma forma diferente de ver o futebol e passou-a ao balneário, e também para o exterior, com a credibilidade que tinha e com a capacidade de comunicação que o caracteriza. O futebol, que é do mais imprevisível do mundo, chegou a parecer previsível com Guardiola», diz Zubizarreta.
 
O antigo diretor desportivo do Barcelona recorda ainda as divergências entre Guardiola e José Mourinho, entre Barcelona e Real Madrid: «Foi uma pena, pois coincidiu com o esplendor do futebol espanhol. Era o planeta perfeito. Dificilmente se repitirá. Desgastou o Pep emocionalmente, e fisicamente, pois esse lado emocional é muito importante para ele. Esse desgaste atingiu toda a gente: jogadores, adeptos, imprensa. Em todo o caso penso que esse desgaste prejudicou mais o Real Madrid.»
 
Relativamente à aposta em Luis Enrique, o técnico atual, Zubizarreta explica que era preciso «incutir energia a um balneário submetido a problemas muito duros, como a morte de Tito Vilanova». «O Luis tinha a vantagem de conhecer muito bem o clube e a formação», acrescenta.
 
O dirigente assume ainda que Luis Suárez «não era a primeira opção» para reforçar a frente de ataque. «Ele sabe-o. No inverno planeámos a contratação de Agüero. Não se concretizou, e Suárez passou a ser o único objetivo. Durante o processo deu-se a situação com o Chiellini, e isso gerou dúvida em muitos clubes que o pretendiam. Questionava-se o carácter dele e a gravidade do castigo, e nessa altura pensei em acelerar a contratação», recorda.
 
Zubizarreta elogia Messi, nomeadamente pela capacidade de revinventar-se, mas também Iniesta ou Busquets. «É curioso que Busquets seja o jogador que todos os treinadores querem e depois não aparece nas votações dos melhores do mundo. Se fosse um jogo no pátio do colégio seria o primeiro que escolhia. Busquets precisa de Messi, mas Messi precisa de Busquets e Iniesta.»