O presidente francês, Nicolas Sarkozy, prosseguiu hoje em Washington a sua digressão de «reconquista do coração da América», declarando perante o Congresso norte-americano que a França é «o amigo dos Estados Unidos», noticia a Lusa.

Quando se aproxima o final da sua primeira visita oficial aos EUA, que terminará à tarde com um almoço de trabalho e uma conferência de imprensa com o seu homólogo norte-americano, George W. Bush, Sarkozy dirigiu-se à Câmara de Representantes e ao Senado, que o acolheram com uma longa ovação de pé.

«Desde que os Estados Unidos surgiram no cenário mundial que a fidelidade que liga o povo francês ao povo americano nunca foi desmentida», declarou, no Capitólio.

«Com os nossos amigos, podemos ter divergências, podemos ter desacordos, podemos ter disputas. Mas, na dificuldade, na provação, estamos ao seu lado, apoiamo-los, ajudamo-los», continuou o presidente francês.

Quatro anos após a crise entre os dois países causada pela intervenção norte-americana no Iraque, Nicolas Sarkozy declarou: «Na dificuldade, na provação, a América e a França estiveram sempre lado a lado, apoiaram-se, ajudaram-se, combateram pela liberdade uma da outra».

Sarkozy foi várias vezes aplaudido de pé, nomeadamente quando prestou homenagem aos soldados norte-americanos que combateram nas duas guerras mundiais e quando evocou o defensor dos direitos cívicos norte-americano Martin Luther King.

Exaltação do «sonho americano»

O presidente francês exaltou também longamente o «sonho americano», que descreveu como a «aplicação na prática do que o velho mundo tinha sonhado».

«Aqui, tanto o mais ilustre dos cidadãos como o mais humilde sabe que nada está adquirido e que tudo se conquista. A grandeza da América é ter conseguido transformar o seu sonho numa esperança para todos os homens», adiantou.

«América pode contar com a França»

Sarkozy reafirmou, por outro lado, o compromisso francês no Afeganistão. «Afirmo-vos hoje solenemente: a França permanecerá comprometida no Afeganistão pelo tempo que for necessário», sublinhou, adiantando que «a América pode contar com a França no combate contra o terrorismo».

Analisando os grandes processos internacionais do momento, repetiu que a perspectiva de um Irão dotado da arma nuclear é «inaceitável» para a França.

O povo iraniano «merece melhor que as sanções e o isolamento crescentes a que o condenam os seus dirigentes. É preciso convencer o Irão optar pela cooperação, o diálogo e a abertura», sublinhou.

Por outro lado, Sarkozy denunciou mais uma vez a fraqueza do dólar e do yuan, considerando que esta «desordem monetária» se arrisca a «evoluir para uma guerra económica».

«Os que admiram a nação que edificou a maior economia do mundo e que não cessou de defender as vantagens da livre troca esperam da América que seja a primeira a promover uma justa paridade dos câmbios», declarou.

Apelo à liderança pela luta ambiental

O presidente francês pediu ainda a Washington que «assuma a liderança» do combate ao aquecimento global.

Depois desta intervenção no Congresso, de maioria democrata, Sarkozy deverá voltar a encontrar-se com Bush, com quem já esteve terça-feira, para um encontro de trabalho na residência histórica do primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington, em Mount Vernon, a sul de Washington.