Encontros entre o Kaizer Chiefs e o Orlando Pirates já tinham registado incidentes graves antes do jogo de ontem na África do Sul, em que morreram 43 pessoas devido à sobrelotação do estádio. 

Há dez anos, um jogo de pré-temporada entre as duas equipas provocou 42 mortos. Nessa altura, alguns adeptos envolveram-se numa luta com armas brancas, depois de uma discussão acerca da validade de um golo. Os espectadores tentaram fugir e foram esmagados contra as vedações. A lotação do estádio era em 1991 de 30 mil pessoas. 

Os jogadores também não fugiram à má sorte. Dois meses depois, alguns atletas do Kaizer estiveram em risco de vida quando um muro à entrada do túnel do estádio se desmoronou com o peso dos adeptos. A derrocada atingiu quatro jogadores, que ficaram soterrados, mas não sofreram ferimentos graves. 

Rivalidade começou há 30 anos 

A rivalidade entre os dois clubes deve-se por, há 30 anos, terem tido a mesma origem. O Kaiser Chiefs, também conhecido na África do Sul como Amakhosi, foi fundado em 1970, depois de alguns jogadores do Pirates terem actuado em jogos amigáveis por uma equipa criada por Kaizer Motaung. Este esteve durante algum tempo ao serviço do Atlanta Chiefs, nos Estados Unidos. O nome do clube é uma homenagem ao jogador e equipa.  

O Pirates é mais antigo, fundado em 1937 no Soweto, e o nome inspira-se num filme de aventuras com Errol Flynn. 

Acontece que a rivalidade não é só clubística. O Chiefs está conotado com a classe negra alta, enquanto que o Pirates se assume como um clube para a classe trabalhadora. A gravidade da questão vai ao ponto de um treinador desta equipa e ex-jogador dos Pirates, Ewert Nene, ter sido assassinado quando tentava contratar um futebolista ao outro clube. 

Outro exemplo é a actuação da claque dos Orlando Pirates num jogo para o campeonato em 1994, entre as mesmas formações. Uma das bancadas do estádio Soccer City ficou a arder depois da derrota do conjunto, não se tendo registado feridos nessa ocasião.