A imprensa irlandesa atribui ao primeiro-ministro Brian Cowen a maior parte da responsabilidade pela derrota do «sim» no referendo de quinta-feira ao Tratado de Lisboa.

«Apenas um mês depois de se tornar primeiro-ministro, Cohen falhou o seu primeiro teste», escreve o Irish Independent sob o título «O Pesadelo de Cowen».

Brian Cowen chefia o governo desde 07 de Maio, quando substituiu Bertie Ahern, forçado a demitir-se devido a um processo por presumível corrupção.

«Atingido em plena face», titula o Irish Daily Star por cima de uma foto de Cowen com sangue na cara. «Cowen não beneficiou de um estado de graça», comenta este tablóide, acrescentando que «Cowen e Companhia mereceram-no».

«A credibilidade do primeiro-ministro foi "sem dúvida alguma» posta em causa, afirma o Irish Examiner, considerando que ele «chumbou no primeiro teste como primeiro-ministro».

Mas a posição de Brian Cowen não está ameaçada e a oposição não pedirá que rolem cabeças porque também apoiou o tratado, segundo este diário.

O Irish Times estima que o dirigente centrista está «numa posição difícil», tanto na Irlanda como na Europa.

Por seu lado, o Irish Daily Mirror assinala uma «grave ruptura entre o sistema político e o cidadão comum» e atribui as culpas «à arrogância do campo do sim», que assumiu como garantida a vitória.

Este tablóide aposta num novo referendo, como aconteceu depois do «não» ao Tratado de Nice, em 2001, quando a Irlanda voltou às urnas um ano depois e acabou por aprovar o documento.

«A única opção exequível para Cohen é convocar um novo referendo no Outono», escreve o Independent, uma opção que o Irish Examiner considera irrisória.

Interrogado sobre a possibilidade de uma segunda votação, Brian Cowen declarou sexta-feira que não excluía nada.