Oito nomes, oito goleadores e oito grande fotografias para contar, em versão resumida, os facto mais relevantes do fim de semana, nos principais campeonatos europeus.

Jamie Vardy


Se a sua primeira reação foi perguntar «quem?!», não se preocupe: não seria o único a ignorar que, nesta altura, o melhor marcador da Premier League é este avançado do sensacional Leicester, um caso notável de sucesso tardio. Apesar dos seus 28 anos, Vardy só está a jogar na segunda temporada na elite do futebol inglês: aos 25 ainda acumulava golos no modesto Fleetwood Town, do quinto escalão. Sábado, frente ao Southampton, na meia hora final, Vardy marcou os dois golos – o oitavo e nono da época – que valeram o empate e a permanência do Leicester nos lugares de acesso às provas europeias. Vardy, que se tornou internacional em junho passado, chegou tarde à ribalta. Mas, pelos vistos, vai muito a tempo de tornar-se um nome – e rosto - bem familiar para os adeptos do futebol inglês, e não só.

Neymar


O simples facto de ter assinado o primeiro poker de carreira no futebol europeu – os anteriores foram ao serviço do Santos e da seleção brasileira – já justificaria o destaque. Mas Neymar foi para além disso na goleada ao Rayo Vallecano: quatro golos, a assistência para o quinto, de Suarez e, principalmente, a sensação de que, aos poucos, vai ganhando espaço para se libertar das sombras esmagadoras de Messi e Cristiano Ronaldo. Aos 23 anos, o tempo joga a seu favor. Mais do que a liderança nos marcadores da Liga – não é para isso que corre, ainda - a exibição com o Rayo fez-nos lembrar que, mais ano menos ano, muito provavelmente, estaremos a falar dele quando falarmos do melhor. Por coisas como esta:



ou esta:



Müller


Com 15 golos em jogos oficiais (clube e seleção) desde o início da temporada, é um dos jogadores europeus em melhor forma – e não seria preciso o golo da vitória diante do Werder Bremen para o confirmar. Mas a distinção, desta vez, é pelo coletivo: o golo valeu a nona vitória consecutiva, o melhor arranque de sempre na Bundesliga e a confirmação de que o Bayern vive num planeta à parte, pelo menos no panorama interno – até porque desta vez nem foi preciso falar de um tal Lewandowski...

Sterling


O seu primeiro hat-trick, ainda antes de completar 21 anos, chegou na melhor altura: a lesão de Agüero, ao serviço da Argentina, vai prolongar-se até novembro, mas neste fim de semana nem chegou a inquietar os adeptos do Manchester City, que viram o jovem prodígio contratado ao Liverpool liderar o melhor ataque da Liga e consolidar a liderança e o estatuto de favorito número um na goleada ao Bournemouth (5-1). Falta o teste mais exigente: vê-lo ser igualmente convincente nos jogos entre grandes e, particularmente, nessa Liga dos Campeões onde o City tanto sofre para afirmar-se.

Higuaín


Foi o seu remate cruzado, de pé esquerdo, a ditar a segunda derrota da época para a líder Fiorentina e a provocar um engarrafamento de grandes proporções no topo da Série A. Há agora seis equipas separadas por três pontos, sendo uma delas o «seu» Nápoles, que já recuperou do mau início de época. Em grande parte graças à eficácia da sua dupla goleadora (Higuaín-Insigne) que partilha o comando da tabela de marcadores, com seis golos cada.

Nolito


Voltou a ser o homem certo na altura certa, aparecendo no último minuto para dar a vitória ao Celta no El Madrigal, diante do ex-líder Villarreal. O seu golo atirou a equipa galega para um inesperado primeiro lugar – repartido com Real e Barcelona, é certo – precisamente uma semana antes de receber o Real Madrid no estádio Balaídos. Com seis golos nas primeiras oito jornadas, o antigo joker do Benfica está no segundo lugar na lista de marcadores, atrás de Neymar, e a par de Cristiano Ronaldo e Benzema. E isto de andar a ser o homem certo na altura certa, já tem acontecido vezes de mais para ser apenas coincidência.

Wijnaldum


Que a Holanda esteja fora da fase final do Europeu, com tantos jogadores de talento acima da média, eis um daqueles mistérios que vão ficar sem explicação convincente nos próximos anos. No surreal 6-2 em St. James’ Park, num jogo em que defender parecia proibido, os quatro golos do médio holandês, que valeram a primeira vitória da época ao Newcastle – e a fuga ao embaraçoso último lugar na Premier League – foram apenas mais um ingrediente a fazer-nos lamentar as ausências em tom laranja no próximo verão.

Cristiano Ronaldo


«Apenas» um golo na vitória sobre o Málaga. Apesar de bonito, para ele, seria mais um dia normal no escritório, não se desse o caso de esse golo – o 324º com a camisola merengue - lhe ter permitido distanciar-se de Raúl, como melhor marcador na história do clube. Na semana em que recebeu a quarta Bota de Ouro da carreira, em que o seu público o ovacionou por isso, e em que Raúl anunciou o adeus aos relvados, não podia haver símbolo mais adequado para a passagem definitiva de testemunho.