O Masters de Augusta (nos EUA) que começa nesta segunda-feira ficará especialmente assinalado na história do golfe, pois, pela primeira vez, pai e filho jogarão este que é um dos quatro maiores torneios (os quatro Majors) do circuito mundial.

O pai, Craig Stadler, e o filho, Kevin, vão repetir um feito que, num torneio major, só se tinha verificado no século XIX. Este novo marco ficou colocado quando Kevin ganhou há cerca de dois meses o seu primeiro torneio do circuito PGA: o Open de Phoenix.



Há muito à espera desta oportunidade de pisar o mesmo campo que o seu filho estava Craig («Wallrus») Stadler, de 60 anos; ele que, em 1982, ganhou o Masters de Augusta, além de mais de uma dezena de torneios do circuito PGA na carreira.

«Eu fartava-me de dizer que, quando ele chegasse cá, seria o meu último torneio», admitiu O «Wallrus». Kevin «Smallrus» Stadler reconheceu que vai, aos 34 anos, pagar uma dívida que tinha: «Ele preferia que eu tivesse chegado [aos Majors] há uns cinco anos. Há vários anos que me dizia para me despachar antes que se reformasse.»

Só na Inglaterra do terceiro quartel do século XIX se tinha visto o mesmo no golfe quando Tom Morris e o seu filho Tommy jogaram vários Open Championships. E ganharam vários do único torneio inglês que integra os Majors (com o Masters, o US Open e os Campeonatos PGA).

A cruel ironia dos Gudjohnsen

Mas há casos em que pai e filho ficam por cumprir esse sonho quando parece que vão consegui-lo. Foi o que aconteceu com os futebolistas Arnor e Eidur Gudjohnsen – os dois mais famosos jogadores da Islândia. O pai, Arnor, ficou conhecido ao serviço do Anderlecht; o filho, Eidur, teve no Chelsea e no Barcelona os melhores momentos.

Em abril de 1996, o sonho de pai e filho de jogarem lado a lado esteve quase a realizar-se. Ambos foram chamados à seleção nacional quando a Islândia foi jogar à Estónia num jogo particular. Mas não estiveram os dois em campo ao mesmo tempo. A cruel ironia foi que Eidur foi suplente e só entrou em campo para substituir o seu pai.



A explicação da ironia está numa decisão do presidente da federação islandesa, Eggert Magnusson, que instruiu o selecionador da Islândia, Logi Olafsson, para não colocar pai e filho a jogarem em simultâneo no jogo de Talin. O dirigente quis guardar o momento em que os jogadores de 34 e 17 anos poderiam estar lado a lado para solo islandês, quando a Islândia defrontasse a Macedónia em Reiquejavique, dois meses mais tarde.

O sonho dos Gudjohnsen acabou por não se realizar. Eidur magoou-se no tornozelo antes que isso pudesse acontecer num torneio sub-18. E quando recuperou o seu pai já tinha terminado a carreira. «O meu maior desgosto é que não tenhamos conseguido jogar juntos. E sei que o do Eidur também é», afirmou na altura Arnor.

Há outros, entretanto, que têm mais sorte e veem este sonho concretizar-se mesmo. A antiga estrela do futebol brasileiro Rivaldo ainda joga. O campeão do mundo pelo Brasil em 2002 joga no Mogi Mirim, o clube a que preside e que também o formou como futebolista. Como aconteceu com o seu filho ponta de lança Rivaldinho.



Há cerca de dois meses, Rivaldo, com 41 anos, e Rivaldinho, de 19, jogaram juntos pelo Mogi Mirim num encontro do Campeonato Paulista. Rivaldo começou a suplente, o jogo com o XV Piracicaba terminou empatado 1-1, mas o mais importante foi mesmo pai e filho jogarem lado a lado. «Agradeço a Deus por esse momento», disse então Rivaldo.

O clã Pandiani, inclusivamente, está a fazer destas presenças de pai e filho na mesma equipa uma regra. No final do ano passado, Walter Pandiani (aos 37 anos) e o filho Nicolás (com 19) juntaram-se pela terceira vez no mesmo clube. Os dois uruguaios voltaram ao seu país para representarem o Miramar Misiones.

O veterano avançado e o defesa já tinham estado juntos no Villarreal (o pai na equipa principal e Nicolás na B), mas só acabaram por estrear-se juntos no Atlético Baleares das divisões secundárias espanholas. Em fevereiro deste ano, no Miramar, voltaram a ter a alegria que um pai e um filho têm quando jogam lado a lado. Como mostra este último vídeo quando a estrela do basquetebol brasileiro dos anos 1980 e 90 Oscar Schmidt viu o seu filho Felipe juntar-se-lhe na equipa do Flamengo.