A polícia de Milão vai pedir as autoridades que os adeptos do Inter sejam proibidos de assistir aos jogos fora até ao final da época e o encerramento da bancada das claques do Giuseppe Meazza até março de 2019.

O anúncio foi feito por Marcello Cardona, responsável da polícia milanesa, na sequência dos incidentes entre adeptos do Inter de Milão e do Nápoles, antes do jogo de quarta-feira, que causaram pelo menos quatro feridos e um morto.

Segundo o responsável da polícia, os confrontos começaram quando cerca de uma centena de pessoas, munidas de bastões, intercetou as carrinhas onde viajam elementos da claque do Nápoles, que ia para o jogo por meios privados para escaparem ao controlo policial.

Entre os que intercetaram o veículo estavam, sobretudo, adeptos do Inter, mas também elementos das claques do Varese e do Nice, que, sendo aliadas dos nerazzurri, se juntaram para fazer a emboscada aos napolitanos.

Os adeptos dos Nápoles saíram então das carrinhas e começaram os confrontos, em que, pelo menos quatro adeptos napolitanos foram esfaqueados. Na confusão, alguém, que ainda não terá sido identificado, nem a polícia sabe a que fação pertence, colocou uma carrinha em marcha e atropelou Daniele Belardinelli, de 35 anos, adepto do Varese.

Belardinelli foi imediatamente levado para o hospital de San Carlo e operado, mas esta manhã acabou por morrer.

A polícia de Milão diz que se tratou de «factos gravíssimos». Três adeptos do Inter já foram detidos e mais detenções podem seguir-se, embora o responsável policial admita que «será difícil identificar todos os que participaram na emboscada». As autoridades estão a analisar imagens das câmaras de videovigilância das proximidades para ajudar nas identificações.

Entretanto, as autoridades querem sanções para a claque do Inter de Milão por ter organizado a emboscada.

«Vou pedir ao departamento de segurança pública com urgência para proibir os adeptos do Inter nos jogos fora até o final da temporada e o encerramento imediato da bancada das claques do Inter até 31 março de 2019, isto é, por cinco jornadas e um encontro da Taça de Itália», anunciou Marcello Cardona.

Matteo Salvini, ministro do Interior italiano, já anunciou que vai reunir-se com os responsáveis das claques e dos clubes da série A e B. «Em 2018 você não se pode morrer por ir a um jogo de futebol», disse o responsável, que anunciou que a reunião acontecerá no início do ano «para que os estádios e a área circundante voltem a ser um lugar de diversão e não de violência».

Em declarações ao jornal Il Messaggero, Gabriele Gravina, presidente da Federação Italiana, foi questionao sobre a possibilidade de suspender o campeonato. «Não sei, agora a notícia é muito fresca. É uma reflexão a fazer. Agora temos de refletir um pouco e coordenar. Este é um problema de ordem pública e tem de ser gerido, até mesmo essa questão de jogar ou não». 

O responsável falou também sobre os cântico racistas durante o jogo e sobre as declarações de Ancelotti, que afirmou ter pedido três vezes ao árbitro a suspensão do jogo. «Estamos a verificar, mas o que se passou foi muito mau. Vi pessoas muito nervosas em campo. O arbitro vai escrever o relatório e, se ele próprio também errou, também será avaliado», disse o presidente, que adiantou: «Estou preocupado com este clima surreal. Não sou um psicologo, mas que alguns jogadores estavam muito nervosos era evidente».