Pode estar mais gordo, mas no essencial Jardel continua o mesmo. Uma pessoa frontal, brincalhona e descontraída. Entrou na sala de imprensa a bocejar, fartou-se de mandar piadas, trocou sorrisos com o presidente Artur Filipe, brincou com um jornalista que lhe disse não gostar de trabalhar e respondeu a todas as perguntas como quem falava com os amigos. Por exemplo à pergunta sobre a razão deste regresso a Portugal. «O factor principal foram as saudades», respondeu. «Tenho dois filhos portugueses e quero ficar perto deles». Mas não só. «Também quero muito fazer o que sei, que é jogar futebol».
Marcar golos, sobretudo. Golos, golos, golos. A palavra está sempre no discurso do avançado brasileiro. Até quando se lhe pergunta o que promete aos associados do Beira Mar que por estes dias andam eufóricos. «Prometo golos», claro. «A única coisa que um jogador como eu pode prometer são golos. Se as bolas aparecerem na área, eu faço golos». Sempre foi assim. «Vou preparar-me bem física e psicologicamente para isso. Um avançado como eu vive de golos». Quantos promete ao certo, não se sabe. Vinte? Vinte e cinco? Jardel não respondeu. «Vamos ver», disse. «Coloquem a bola na área».
«Felipão ficou em Portugal? Ah, então quero dar-lhe um abraço»
Na apresentação à comunicação social não se falou apenas de Jardel. A conversa fugiu para outros âmbitos e o avançado brasileiro falou também naturalmente. Por exemplo sobre o Mundial. «No Brasil brincamos que a canarinha não chegou a participar no Mundial», sorriu. «Foi muito mau, depois de tantas expectativas, e ficamos todos um pouco tristes». Valeu a Selecção Nacional a salvar a honra da língua de Camões. «Esteve muito bem e fiquei muito feliz por isso», disse. «Já se sabia que Portugal tinha um excelente grupo de jogadores, o Felipão chegou, fechou o grupo, criou um espírito forte e conseguiu fazer um excelente trabalho». Scolari que curiosamente traz gratas recordações a Jardel. Foi treinador do avançado no Grémio de Porto Alegre e juntos conseguiram a Taça Libertadores. Depois disso Jardel viajou para o F.C. Porto. «Felipão ficou em Portugal? Ah, então quero dar-lhe um abraço. Digam-lhe que lhe quero dar um abraço».