O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:
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JOÃO CHINA, METALLURG DONETSK (UCRÂNIA)
«Olá, caros leitores do Maisfutebol,
Num tempo de crise no nosso país, com cada vez mais emigrantes, vou escrever um pouco sobre a vida nómada no mundo do futebol.
O futebol não serve para quem gosta de estabilidade. Foram muitas as cidades por onde passei ao longo da minha vida, por causa da carreira.
Desde logo, Beja, terra de boas pessoas e onde passei cinco anos. Depois Odemira, onde recupero forças nas praias alentejanas acompanhado por amigos de infância e familiares. Por lá não falta a boa comida da mãe, no seu café Chafariz. É a terra que trago no coração.
Lisboa acolheu-me durante oito anos. Foi lá que me fiz homem e guardo boas recordações desse período, principalmente no Sporting, clube ao serviço do qual conquistei a minha primeira internacionalização (sub-15) e conquistei o título de campeonato nacional de juvenis.
Seguiu-se Faro, onde fiz muitas amizades para toda a vida, não esquecendo aquele sol de manhã à noite, algo diferente do que tenho agora na Ucrânia.
Passei também um ano por Fátima e pela Maia, terra onde encontrei pessoas que me ajudaram e acreditaram em mim (Mário Reis, Secretário, Paulo Jorge, António Teixeira, entre outros)
Na Maia comi a minha primeira francesinha e fiquei fã. Tenho saudades da pronúncia do norte e das pessoas frontais que caraterizam essa zona do país.
Seguiu-se a Figueira da Foz. Foram três anos fantásticos no futebol e fora dele. É uma cidade que frequente com regularidade devido à proximidade com Pombal, cidade onde me instalei com a minha família e onde irei permanecer quando acabar a carreira que nos faz saltar de um lado para o outro.
Estou na Ucrânia há quatro anos. É um país muito diferente do nosso, o que me leva a dar ainda mais valor a Portugal.
A recuperação do joelho está feita, sinto-me bem e agora resta-me trabalhar em busca do tempo perdido. Terei de esperar por uma oportunidade, mas não é fácil. O plantel é desequilibrado, visto que só temos jogadores ucranianos para a defesa e têm de jogar sempre 4 locais.
Ficarei por cá até maio e depois irei ver o futuro. Quem sabe se não estará para breve o fim destas saudades com o regresso ao nosso lindo país e à Liga portuguesa?
Um grande abraço para todos,
João China»