João Monteiro é um dos melhores mesatenistas de Portugal. Soma títulos individuais e coletivos, nacionais e internacionais.

O último foi de ouro e conquistado na semana passada na Rússia, no Europeu da modalidade, ao lado do austríaco Stefan Fegerl. Os dois venceram a final de pares contra os também austríacos Robert Gardos e Daniel Habesohn.

Feitos ao alcance de poucos, num atleta que terá uma família como ninguém. É que em Portugal o ténis de mesa não é uma das modalidades com que mais se vibra, mas o único irmão do João, o José, também é mesatenista e joga no Benfica.

«Ele acompanhava sempre os meus pais nas competições e também assistia a alguns treinos. Ganhou interesse, quis experimentar e depois continuou a jogar. Por isso, posso dizer que foi um bocadinho por minha influência. O facto de jogarmos os dois também permite que nas férias, em Portugal, treine a bom nível com ele», disse ao Maisfutebol, o atleta que vive em Viena, na Áustria, mas que joga num clube francês.

Com o irmão José num treino em Viena, na Áustria (Facebook)

Já João Monteiro descobriu a modalidade numas férias na Suíça, onde os primos de Nave de Haver (Guarda), a sua terra natal, estavam emigrados. «Foi lá que tive o primeiro contacto com o ténis de mesa. Passámos os dias a jogar ping-pong e passado pouco tempo comecei no Grupo Recreativo da Tercena.»

Ainda assim, «por coincidência». «O meu primeiro treinador, o professor Filipe Amaral, foi à minha escola na Tercena, fez testes físicos a cerca de 100 crianças e escolheu as melhores vinte. Eu fazia parte desse lote e foi a partir daí que comecei a jogar», justificou.

Na altura, em 1993, nem sequer imaginava o que viria a conseguir e até onde poderia ir. Chegou ao Sporting, mudou-se para os madeirenses do São Roque e a seguir rumou ao estrangeiro: ao TTF Liebherr Ochsenhausen (Alemanha), Sterilgarda Castel Goffedo (Itália), FC Saarbrucken TT (Alemanha), UMMC Jekaterinburg (Rússia) e, por agora, à ASTT Chartres (França).


«A minha mulher é bastante melhor do que eu»

A aventura internacional surgiu aos 22 anos, no entanto poderia ter sido aos 18, porque houve uma proposta de um clube francês, mas por motivos familiares deixou-se ficar em Portugal.

Ter adiado a emigração não o desviou do sucesso e até foi na aventura «tardia» que encontrou o par ideal: Daniela Dodean, com quem casou e tem uma filha de quase seis meses.

Aos 27 anos, a romena que é igualmente mesatenista e que também tem um irmão, Adrian Dodean, que joga a mesma modalidade, tem um curriculum invejável e, por isso, João Monteiro não tem problemas em admitir que a mulher é melhor.

«É bastante melhor do que eu, principalmente em termos de escalões jovens. Ela foi oito ou nove vezes campeã da Europa em cadetes e juniores. Em termos gerais e de curriculum é muito superior a mim.»

Com a mulher, Daniela Dodean (www.ittf.com)

Já a filha de ambos, não se sabe se irá ter os mesmos gostos dos pais, mas João Monteiro garante: «Não vai ser pressionada para jogar ténis de mesa. Ela é que vai decidir se quer ou não experimentar. Se não quiser, não há problema nenhum. Apoiamos a escolha dela.»

Enquanto isso, o pai, atualmente com 32 anos, vai continuar a jogar e ainda não pensa em arrumar a raquete: «Há jogadores com 42 e 43 anos ao mais alto nível porque tudo tem a ver com o corpo. Se continuar sempre bem, quero jogar muitos mais anos.»

Quem sabe até regresse ao país de origem: «Nunca se sabe. Mas, se calhar, até gostaria de acabar a carreira em Portugal. Seria bonito, mas não será num futuro muito próximo.»

Os festejos do ouro no Europeu de Ténis de Mesa 2014, em Lisboa 

«Nunca traço metas. O meu objetivo é tentar ser melhor a cada dia, a cada treino e a cada jogo. Continuar a evoluir para estar ao lado dos melhores da Europa e do Mundo de forma a continuar a conquistar títulos», concluiu.