Gibraltar, promontório rochoso, território britânico na extremidade sul da Península Ibérica. Paraíso fiscal, meca do poker, uma lança de Sua Majestade encravada no calcanhar de Espanha. A primeira cidade do lado castelhano é La Línea de La Concepcíon.
Urbe fronteiriça, miscelânea de dois povos, unidos sob a influência de bandeiras distintas. João Moreira joga no Real Linense e conta ao
Maisfutebol o que é viver «em dois países».
«Em Gibraltar estamos completamente em Inglaterra. Restaurantes, bancos, é tudo em inglês, apesar de muitos trabalhadores serem espanhóis. Mesmo ao lado, onde vivo, é o oposto. Estamos em Espanha e ouve-se o inglês em qualquer parte. Até nos treinos do meu clube.»
Um golo de cabeça e a polémica instalada!
Sete/oito pessoas de cervejas na mão, à procura de Ronaldos e Messis. «Há uma liga em Gibraltar, mas amadora. O clube que ganha sempre é o Lincoln Red Imps. As pessoas de lá adoram futebol e acompanham o Real Linense porque procuram futebol de um nível mais alto. É normal haver vários ingleses na bancada do nosso estádio, até bandeiras inglesas. Adoram-me, falam comigo na rua, é uma situação curiosa.»
A influência britânica é tão grande que dá azo a situações polémicas. O policiamento esteve a cabo de agentes oriundos de Gibraltar e um deles, excessivamente patriótico, ordenou que um adepto espanhol não mostrasse a bandeira de¿ Espanha. Confusões à parte, «todas sem gravidade», João Moreira está a gostar da experiência.
«É uma zona agradável, tranquila e onde posso concentrar-me no futebol.»
«Pedem-me 50 golos!»: podem ser 25?
A realidade é dura. Não se engole à primeira, custa a digerir. Em quatro épocas, João Moreira passa do alienígena Valência, «equipa de outro mundo», para o humilde Linense, do terceiro escalão espanhol.
O que falhou?
«Muita coisa. Em Portugal não se dá o devido valor ao que é nosso. Quando não se joga, é normal que se baixe os braços e se perca moral», justifica João Moreira. Beira-Mar, Estrela da Amadora, Lérida na época passada. «Não me preocupo por estar no Linense. O importante é desfrutar, vencer e repetir as sensações de felicidade para voltar a subir.»
Rui Caçador é «uma referência especial» num trajecto de demasiados altos e baixos. João Moreira ainda vai muito a tempo de provar que a razão está do seu lado. O primeiro golo pelo Real Linense, ainda que polémico, é um indicador interessante.
«Preciso de mais. Nas ruas pedem-me 50! Gritam
português, português, és o maior! Bem, se fizer metade do que eles querem, acho que ficamos todos felizes.»
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9 set 2011, 00:45
João Moreira: vizinho de Gibraltar e ídolo de ingleses
Jogador português está na II B espanhola e numa cidade com características peculiares. «São quase dois países», diz ao Maisfutebol
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