16 anos, 1.90 metros e em crescimento. Joel Castro Pereira, ilustre desconhecido, prometedor protótipo de guarda-redes. Desde o verão de 2012 às ordens do Manchester United, este menino gigante é já uma presença assídua na Seleção Nacional portuguesa de sub-17.

Joel não nasceu em Portugal. Os pais, naturais de Cabeceiras de Basto, embarcaram na diáspora lusa e estabeleceram-se na Suíça. O berço de Joel foi a vilazinha de Boudevilliers. Ali apaixonou-se pelo futebol, ali passou a jogar no Neuchatel Xamax e ali chamou a atenção da FPF.

As piadas de De Gea e a sombra de Ferguson

Em entrevista ao Maisfutebol, o guarda-redes fala do dia em que teve de se beliscar. Uma, duas, três vezes. «Era mesmo o Alex Ferguson, ali ao meu lado, na cantina do clube», conta Joel. Certinho, ajuizado, humilde.

«É tudo fantástico. O treino, o ambiente, a ligação entre os profissionais e as camadas jovens», prossegue, consciente do «longo trajeto» que terá obrigatoriamente de abraçar. Desejo não lhe falta, convicção também não.

«O meu objetivo é claro: ser no futuro o número um do Manchester United».

Convincente, de facto. E tudo está ainda a começar. Joel Pereira lembra-se bem do dia em que o Manchester United lhe apareceu na vida. Irresistível.

«Estava na baliza da seleção de sub-16, contra a Itália. Foi em setembro de 2011. Um scout do United estava a ver o jogo e no final veio ter comigo. Em março de 2012 fiz uma semana de treinos à experiência e gostaram de mim», explica, como se estar nos red devils fosse a mais normal das adolescências.

O dia em que conheceu Nani

Fazer as malas, sair de casa, largar tudo aos 16 anos. A opção, «difícil», foi tomada em família. A decisão, unânime, apontou a Old Trafford. Joel Castro Pereira perdeu o mimo diário da mãe, mas ganhou a possibilidade de viver um sonho. Um sonho com tudo para ser um dia real.

Em Manchester vive na casa de uma família de acolhimento. Nada lhe falta, a não ser, naturalmente, a companhia cúmplice dos pais. «Comigo vivem três colegas do United: um brasileiro, um belga e um italiano», explica o candidato à baliza principal de Old Trafford.

Tem «dois dias de escola por semana», «muitos treinos» e já histórias para contar. Como aquela do dia em que conheceu Nani. O outro português do Manchester United.

«É boa pessoa. Fui falar com ele e já alguém lhe tinha falado de mim. Perguntou-me então tu é que és o keeper português?. É importante tê-lo aqui, porque treinamos todos os dias no mesmo sítio e vou ouvindo bons conselhos. Mas até falo mais com o Anderson».

«É em Old Trafford que quero estar»

O jeito para a arte de ser guarda-redes veio-lhe de um tio. Joel está a aproveitar a herança. Nestes primeiros meses já treinou com os sub-17, os sub-18 e as Reservas. No Neuchatel Xamax chamavam-lhe El Gato. Os centímetros apressados vieram condicionar-lhe a alcunha.

É fã assumido do Real Madrid e do Benfica, tem como ídolos Iker Casillas e Van der Sar. Não sabe para onde vai, mas sabe para onde quer ir.

«Tenho de ser ambicioso. Quando entro em Old Trafford percebo que é ali quero estar».