Um número gordo, uma marca alcançada por poucos e garantida por Jorge Costa já este domingo. 300 jogos na divisão principal do futebol português, com mais vitórias do que derrotas e títulos, muitos títulos. Cedo se acostumou a envergar a braçadeira de «capitão», fruto dos anos passados na casa do Dragão e de um sentido de liderança muito próprio, que o transforma num dos símbolos do clube.
O «bicho», como o tratam no balneário, já pensa em pendurar as botas, talvez já na próxima época, quando terminar o último ano de contrato com o F.C. Porto. Mas, para já, vai mantendo o estatuto de líder e de titular, numa altura em que continua a ser importante ter referências dentro de campo, não só pelo respeito que impõe, mas principalmente pelas indicações que vai transmitindo aos colegas, tentando indicar o caminho do triunfo.
Muita coisa mudou em 15 anos. Curiosamente, a estreia na I Divisão aconteceu no Estádio das Antas, mas com a camisola do Penafiel, que representou por empréstimo do F.C. Porto. Foi a 18 de Agosto de 1990 que Joaquim Teixeira decidiu colocá-lo a titular, jogando com o lado emocional do jovem de 19 anos. A equipa perderia por 2-0, devido aos golos apontados por Paille e Kostadinov, mas ficava a certeza de se ter encontrado mais um valor nacional, como se confirmou em 91, na conquista do título mundial de sub-20.
Uma época depois, já com a camisola do Marítimo, completaria o quinquagésimo jogo na I Divisão e todos o entendiam como uma certeza, pelo que o regresso às Antas já se revelava inevitável. Tal como na estreia, também não teve muita sorte nesse encontro, tendo perdido em Guimarães por 3-1, a 26 de Abril de 1992.
O número 13 e Domingos
Jovem e ambicioso, Jorge Costa alcançaria o seu primeiro título nacional em 93, logo na primeira época como sénior no F.C. Porto, na qual cumpriu oito jogos. A afirmação foi lenta, mas consistente, até que em 95/96 alcançou a centena de jogos. Era o caminho para o penta, galão que viria a partilhar com Aloísio, Drulovic, Rui Barros, Paulinho Santos e Folha. O centenário foi comemorado com uma vitória em Alvalade, por 2-0, a 13 de Janeiro de 96, fruto do brilho de Domingos, que bisou. O defesa viu um cartão amarelo aos 47 minutos e segurou as iniciativas dos avançados orientados por Carlos Queirós.
Os anos de ouro eram vividos com intensidade, com conquistas atrás de conquistas. Nos 299 jogos já realizados, Jorge Costa somou oito títulos nacionais, aos quais se juntam outras distinções: cinco Taças de Portugal, cinco Supertaças nacionais, uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA, uma Taça Intercontinental e 50 internacionalizações «AA».
A segunda centena de jogos aconteceu na época de 99/00 e com duas curiosidades. Aconteceu novamente num dia 13, mas de Fevereiro de 2000, e Domingos também marcou os dois golos da equipa, agora no empate (2-2) alcançado em Vila do Conde. Tal como no jogo 100, alinhou ao lado do «eterno» Aloísio, mas desta vez não manteve as redes da baliza invioláveis, não conseguindo evitar que Hugo Henrique também bisasse.
Ao longo da sua carreira em Portugal, distribuiu os seus jogos por três clubes. Cumpriu 23 ao serviço do Penafiel, 31 pelo Marítimo e somará 246 este domingo pelo F.C. Porto. Até hoje apontou 19 golos, 16 dos quais pelos azuis e brancos. Com a carreira já no seu final, terá pouco mais a ambicionar. Talvez apenas o vigésimo golo.
O Maisfutebol convida-o agora a entrar numa viagem por cinco dos marcos mais importantes da carreira do jogador. O primeiro jogo, ao serviço do Penafiel, o auto-golo que apontou ao serviço do Marítimo quando defrontou o F.C. Porto, o dia em que recebeu a braçadeira da mão de João Pinto, a zanga com Octávio Machado que acabou no empréstimo ao Charlton e o encontro em Belém em que ameaçou abandonar o futebol para terminar a marcar os dois golos do triunfo.
Boa viagem.