A mística azul e branca corria-lhe nas veias e o carisma que publicamente mostrava augurava-lhe há muito tempo a braçadeira de capitão. Aconteceria mais cedo ou mais tarde. Acabou por suceder no início da época 96/97, na primeira temporada com António Oliveira no comando técnico da equipa, logo depois de João Pinto abandonar a carreira de jogador. No começo de um novo ano o clube organizou um jogo entre duas equipas do plantel que serviu de homenagem ao capitão de Viena.
João Pinto deixara o futebol na época anterior, mas Pinto da Costa conseguiu dessa forma somar duas efemérides num mesmo momento, a despedida de um jogador marcante na história do clube a passagem de testemunho para o novo capitão. Numa conferência de imprensa o presidente anunciava que Jorge Costa receberia não só a braçadeira, mas também a camisola número dois, um símbolo usado anos a fio pelo mítico João Pinto. O simbolismo era também uma prova de autoridade para o central.
João Pinto diz já não se recordar muito bem desse momento, mas lembra-se, isso sim, que na passagem de testemunho não teve palavras sábias para Jorge Costa. «Falava com ele todos os dias», refere. «As passagens de testemunhos entre os líderes não são uma coisa do momento, são uma coisa que se vai fazendo ao longo dos anos em todos os treinos e em todos os jogos. A melhor sucessão é aquela que é preparada no dia a dia, através do exemplo que se transmite em cada momento». Jorge Costa, acrescenta, era o herdeiro natural de uma distinção que no F.C. Porto tem muito peso. «Pelo que realizou ao longo dos vários anos que está no F.C. Porto, tudo fez para merecer a confiança das pessoas do clube».
Os exemplos são cabais mas João Pinto faz questão de os mencionar. Como se quisesse dizer que podia retirar-se tranquilo: a sucessão dava garantias. «Era um dos jogadores mais antigos do plantel, tinha nascido nas escolas do F.C. Porto e mostrava a tal mística de que muito se fala em relação ao clube», conta. «Por isso acho que ele merecia herdar a braçadeira como hoje merece tudo e mais alguma coisa. Depois de passar por tudo o que passou, e estou a lembrar-me das quatro operações que teve que realizar, continuar a mostrar a garra, o amor ao futebol, a paixão pelo clube e o querer vencer que mostra torna-o uma pessoa especial. Um capitão forte dentro do balneário».