O Ministério Público (MP) acusou Rui Pinto de 377 crimes relacionados com o acesso aos emails do Benfica e de outros clubes, Liga, empresas, advogados, juízes, procuradores, Autoridade Tributária e Rede Nacional de Segurança Interna.
De acordo com o despacho de acusação, a que a Lusa teve acesso, estão em causa 202 crimes de acesso ilegítimo, 134 de violação de correspondência, 23 de violação de correspondência agravado e 18 de dano agravado.
«O arguido Rui Pinto atuou da forma descrita supra, querendo com tais atuações aceder de forma sub-reptícia e não autorizada aos sistemas informáticos de várias entidades, como a Sport Lisboa e Benfica, Autoridade Tributária e Aduaneira, Vieira de Almeida Sociedade de Advogados, Liga Portugal, IGFEJ, CCSM, e servidores de correio eletrónico da Altice e IURD, quer ligadas ao futebol, quer ligadas à justiça, quer ligadas a prestações de serviço à sociedade em geral, com vista a explorar tais sistemas e daí retirar informação», lê-se no documento.
A acusação refere que o criador do Football Leaks sabia que lhe era vedado o acesso a tais dados, atuando «com intenção de se introduzir indevidamente nos sistemas informáticos», o que fez através da captura de credenciais de utilizadores daquelas entidades, conseguindo «retirar toda a informação que ali estivesse de seu interesse».
O MP indica ainda que Rui Pinto decidiu, em abril de 2017, partilhar a informação relativa aos emails do Benfica com o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, além de ter passado a publicar em dezembro desse ano no blogue Mercado de Benfica.
O MP dá conta, também, da extração de certidão para outro inquérito sobre alegados acessos ao sistema informático e emails de FC Porto, Nacional, Tondela, Câmara de Cascais e ao seu presidente, Carlos Carreiras, a empresa Promovalor – do ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira – e outros escritórios de advogados.
A acusação realça ainda os indícios de acesso informático a clubes e instituições estrangeiras, como Atlético de Madrid, AS Monaco, Vilarreal, Shakhtar Donetsk, FC Barcelona, Manchester City, Real Madrid, Inter Milão, Juventus, Ajax, FIFA, UEFA, Landscape, Sable, Grupo Fosun, King and Wood Mallesons, LIAN Sports & Partners, Rui-Huerta & Crespo Abogados.
O MP decretou a transmissão da informação recolhida através da Eurojust, por considerar que «a dispersão a nível mundial de entidades afetadas é de tal ordem vasta».
A acusação neste novo processo surge a cerca de uma semana de Rui Pinto conhecer a decisão do julgamento do processo Football Leaks, no próximo dia 13, no qual responde por 90 crimes.