«Já me deixei disso, amigo. Já lá vão uns anos. Agora, jogo golfe.» Da relva despediu-se há mais tempo, na Grécia, e depois num clube amador, o Red Star 93, onde fazia uns remates enquanto não se convencia a abandonar. Da bola despediu-se na praia, no futebol de areia, foi essa escapatória que Laurent Robert teve para continuar a jogar. Longe iam os tempos em que sentia nas costas o bafo do Parc des Princes e, mais tarde, o inferno da Luz. Paris Saint-Germain e Benfica vão defrontar-se, agora, na Liga dos Campeões e o antigo internacional francês, hoje satisfeito por ter chegado onde chegou, mantém-se fiel aos dois emblemas. «É para passarem os dois!» Afinal, todos o conhecem na longínqua Ilha da Reunião, a 800 quilómetros a leste de Madagáscar, onde nasceu. Tudo por culpa dos clubes onde jogou, com PSG e Benfica em grande destaque.

Robert parou o carro e atendeu a chamada, um pouco depois da hora combinada. Avisou que o telefone andava «meio louco», e que com o mãos-livres ouve-se ainda pior. Encarou a conversa com um meeinho, descontraído: «Para ser sincero ainda não vi este ano o Benfica. O PSG, sim, tenho visto. É muito forte, está forte como o ano passado e ainda se reforçou com mais internacionais
[Cavani e Marquinhos]. Começaram muito bem a Champions League e espero que cheguem à proxima fase. O Benfica vi, no ano passado, a final [da Liga Europa] com o Chelsea. Aqui toda a gente conhece o Benfica, tem andado nos últimos anos na Champions, e também pode qualificar-se para a próxima etapa. Espero que ambos consigam. Não torço por nenhum, mas sim pelos dois. Desejo aos dois o melhor.»

Estando o PSG tão forte assim, como o próprio Laurent Robert afirma, a que poderá aspirar o Benfica na próxima jornada da Liga dos Campeões, em pleno Parque dos Príncipes? Apesar de retirado há algum tempo, o antigo médio partiu para a resposta com a mesma convicção que marcou o famoso golo a Vítor Baía, no Estádio da Luz, sem dúvida o melhor momento que passou em Portugal. «O Benfica é um grande clube, e tem jogado muito bem. Será um jogo difícil, acredito, mas pode aspirar a pelo menos um empate. Para passar o grupo seria bom empatar. Tem muitos adeptos em Paris, o que torna o ambiente muito bom para reforçar a mentalidade. Se o Benfica jogar o seu futebol penso que não terá problemas em conseguir um empate. Paris tem uma atmosfera diferente e o Benfica conhece-a. São duas belas equipas.»

Robert, simpático, fica em alerta. «Pode ser que vá ver o jogo, ainda não sei. Um dia quero ver jogar o Benfica ao vivo e no Parque dos Princípes seria fantástico. Talvez. Quem sabe?»