53 minutos de pura diversão em Manchester, 37 de polémica...e Leo Messi. Até ao 0-1, o futebol no seu estado mais puro. O talento projetado ao limite, a posse de bola como paixão, o tiki-taka que nem sempre sai do sítio. Do outro lado, um City musculado e incisivo. Não chegou. Vitória catalã em Inglaterra.


Um Barcelona sem a genialidade do passado recente chegou para a inglória resposta dos Citizens. A fortuna não traz felicidade. Lance infeliz de Demichelis, a redundar numa expulsão incontornável. A falta poderá ter sido fora da área, como parece, e Jesus Navas queixou-se de uma carga no início do lance. Haverá discussão acesa nos próximos dias, sobretudo em torno da linha da área, mas nem tudo se explica por aí. 

O que parecia uma noite fácil para o Barcelona, anunciada após uma entrada fortíssima em campo, transformou-se num desafio ao reinado catalão. O Manchester City, consentindo o domínio inicial do adversário, começou a assumir as despesas do jogo e terminou a etapa inicial em claro ascendente.

Manuel Pellegrini demontrava aparente conservadorismo com a aposta em Kolarov como médio esquerdo. Porém, esse foi o segredo para o belo desempenho dos Citizens na primeira metade do encontro. O lateral travou as subidas de Daniel Alves, o principal flanqueador do Barcelona, e chegou a perturbar o brasileiro.

A formação catalã apresentava o seu figurino habitual, sem receios. Neymar começava a partida no banco de suplentes, vendo os companheiros de equipa a apresentar o seu tiki-taka desde o primeiro minuto. Com um quarto-de-hora, aliás, os dados eram claros: apenas 27 por cento de posse de bola para o Manchester City.

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Seria mais um pesadelo, como aquele que terminou com a vitória do Bayern Munique (1-3) na fase de grupos da Liga dos Campeões? Assim parecia, tamanhas as semelhanças entre o original culé e o modelo trabalhado por Pep Guardiola na Alemanha.

Apenas mais uma referência à fase de grupos. Manuel Pellegrini não sabia que mais um golo em solo germânico, no último jogo (2-3) garantiria o primeiro lugar para a sua equipa. E o técnico deve estar a lamentar nesta altura esse pormenor.

Após o anúncio de superioridade do Barcelona, o Manchester City começou a apostar no seu flanco esquerdo e a equilibrar a partida. Lá na frente, o incansável Negredo assustava a defensiva catalã. 

Em cima do intervalo, Alvaro Negredo desperdiçou uma bela oportunidade, cabeceando ao lado após cruzamento de Jesus Navas. Lance espanhol no City, equipa que apresentou apenas um inglês (Joe Hart) no seu onze.

Tudo mudou na etapa complementar. O Barcelona voltou a entrar melhor, faltando a capacidade de penetração na área. Messi desataria o nó ao minuto 53, numa jogada com vários focos de polémica.

Jesus Navas tentava entrar no meio-campo adversário quando caiu, com Busquets no lance. O médio defensivo tocou no adversário, o árbitro mandou seguir. A bola chegou aos pés de Iniesta, este desenhou um passe soberbo e Leo Messi aproveitou o mau posicionamento de Kompany para se isolar. Em esforço, Demichelis arriscou o carrinho: a falta evidente surge ainda fora da área. Seria cartão vermelho, de qualquer forma, mas o penálti merece contestação.

Demichelis regressou aos balneários e Messi, atirando para o meio da baliza, enganou Joe Hart. O Barcelona colocava-se em vantagem e passava a enfrentar um City reduzido a dez elementos. Um momento que poderá ter definido o rumo da eliminatória.

Manuel Pellegrini procurou manter o equilíbrio da sua formação, sem arriscar demasiado. Do outro lado, Tata Martino fez o mesmo.

O Manchester City dispôs de um par de oportunidades para chegar ao empate mas o Barcelona também ameaçava o segundo golo. Curiosamente, seria Daniel Alves a atingir esse objetivo, já após um golo (mal) anulado a Gerard Piqué.

Sem Kolarov em campo, Daniel Alves passou a aparecer com regularidade na área adversária e, ao minuto 90, aproveitou um bom passe de Neymar para fixar o resultado final (0-2). Tudo decidido? Assim parece.