Noite europeia intensa e cheia no Dragão, num jogo muito disputado, com momentos vibrantes, outros menos bem jogados, mas sempre interessante de seguir.

O FC Porto chegou a ter tudo para viajar para a Alemanha com vantagem confortável de dois golos, mas pouco depois de atingir essa meta do 2-0 devolveu, subitamente, a esperança aos alemães, permitindo dois golos que, sofridos em casa, podem mostrar-se simplesmente comprometedores para as contas da qualificação. 

Mais uma vez, notaram-se fragilidades que não são habituais no FC Porto: deixar escapar vantagem de dois golos em jogo tão importante em casa é momento raro no Dragão (pior, nos últimos anos, só mesmo o tal momento com o Artmedia, de 2-0 para 2-3...)

Maldição do Dragão na Europa?

Este empate a 2-2 deixa tudo em aberto para o «inferno de Frankfurt» e espelha as dificuldades que a equipa de Paulo Fonseca sentiu em alguns períodos do encontro, sobretudo na primeira parte e, obviamente, depois do 2-0.

Os dragões chegaram a acreditar que era hoje que surgiria a primeira vitória do FC Porto em casa nesta época europeia, depois dos tais três jogos sem vencer no Dragão para a fase de grupos da Champions (empate com o Austria, derrotas com At. Madrid e Zenit).

Outra conquista que procuravam era a de voltarem a vencer na Liga Europa (desde a final de Dublin, de 18 de maio de 2011, frente ao Sp. Braga que o FC Porto não ganha um jogo para a competição, depois das duas derrotas com o City em 11/12).

A verdade, nua e crua, é que não só os dragões não conseguiram quebrar os jejuns como, ainda mais preocupante, partem para a segunda mão com um resultado que até confere vantagem virtual ao Eintracht. A avaliar pela forma como os quatro mil adeptos alemães gritaram pela sua equipa no Dragão, espera ao FC Porto um ambiente simplesmente infernal em Frankfurt...

Qualidade e muita insegurança


Este intenso duelo com o Eintracht mostrou a qualidade, mas também pôs a nu as fragilidades deste FC Porto. A equipa azul e branca teve mérito na forma como chegou ao 2-0 (momento genial de Quaresma, bom lance coletivo no golo de Varela), mas pouco depois de ter vantagem confortável de dois golos, permitiu o 2-1, devolvendo a esperança aos alemães, e depois o 2-2, que já coloca em termos bem mais preocupantes para os dragões.

Sinais de fragilidade e insegurança de um FC Porto que, definitivamente, ainda não se encontrou esta época.

Eintracht competente

Martin Veh bem tinha tentado, na véspera, colocar quase todo o favoritismo do lado do FC Porto, mas rapidamente se percebeu que o Eintracht estava no Dragão para discutir não só a passagem, mas até a própria vitória neste jogo.

O FC Porto entrou na disposição de mandar no jogo, mas não estava a conseguir fazer.

Jung, lateral muito ofensivo e especialmente forte nos cruzamentos, fazia miséria pelo corredor direito e deixava Alex Sandro demasiado inqueito. Rude, pelo eixo, penetrava em zonas perigosas para a estabilidade defensiva dos azuis e brancos.

O FC Porto estava a perder demasiadas bolas a meio-campo, dando sinais de fragilidade nessa batalha crucial.

Ataco eu, atacas tu

A atitude do FC Porto refletia, de algum modo, o inesperado ambiente das bancadas: em vez de uma previsível superioridade sobre um Eintracht teoricamente inferior, o jogo em casa desta eliminatória foi sempre equilibrado: dentro e fora das quatro linhas.

No relvado, houve mais FC Porto, mas houve quase sempre o Eintracht a responder. E muitas vezes com perigo. Nas bancadas, os quatro mil alemães que enchiam a zona reservada para os adeptos visitantes apoiavam de forma incansável a sua equipa e dominavam os cânticos da primeira parte, perante um número inesperadamente reduzido de adeptos portistas, em fase de descrença em relação ao real valor da sua equipa.

Herrera, em momento clara afirmação na equipa após a saída de Lucho, bem empurrava a equipa da casa. Quaresma, da esquerda, procurava o desequilíbrio. Jackson, em dois lances como só ele sabe fazer, recebia da linha e inventava espaço para o tiro.

O FC Porto tentava, é verdade. Mas o golo não parecia assim tão perto de aparecer.

Alemães a ameaçar, Quaresma a encantar


O tempo passava, o intervalo aproximava-se, o 0-0 persistia. Depois de uma boa fase de domínio e lances ofensivos de relevo, o FC Porto voltava a baixar o ritmo.

O Eintracht reapareceu e, em dois lances, apoquentou a zona de jurisdição de Helton.

Os alemães ameaçavam na reta final da primeira parte, mas foi Quaresma quem encantou, num momento absolutamente genial: 1-0, mesmo em cima do intervalo, a dar vantagem um pouco inesperada aos dragões.

Momento crucial... ou nem por isso

Parecia ter sido um momento crucial: o FC Porto voltava do intervalo confiante e à procura do 2-0.

E o segundo apareceu mesmo, por Varela, a encostar para a baliza, em boa jogada de ataque coletivo do dragão.

A noite corria bem ao FC Porto e os adeptos azuis e branco podiam, finalmente, sobrepor os seus festejos aos alemães. 

Do conforto ao constrangimento...assim de repente

Qual quê. Do 2-0 confortável, o FC Porto passou em poucos minutos para o 2-2 constrangedor.

Recuo inexplicável, Eintracht com bola, alemães de novo a acreditar. 2-1 num bom remate em zona frontal, 2-2 em lance caprichoso após canto.

Mais do que merecido aquele longo agradecimento de toda a equipa do Eintracht, no final do jogo, aos quatro mil adeptos alemães, que do início ao fim apoiaram a sua equipa. Em festa.  

Decididamente, esta não está a ser uma temporada de festa na casa portista. Dará para corrigir em solo germânico?