Um empate sem golos, no primeiro jogo oficial da temporada, deixa o V. Guimarães com boas possibilidades de chegar ao play-off de acesso à fase de grupos da Liga Europa. Na Dinamarca, a equipa de Manuel Machado cumpriu à risca um plano conservador, destinado a minimizar os riscos, e fez do zero na sua baliza o principal objectivo.

Uma atitude que se explica, em parte, pelas más experiências na pré-temporada, e também pelo reconhecimento de que, com um mês de avanço na preparação, o Mitdjylland, mesmo tecnicamente limitado, poderia ter argumentos físicos para pôr em xeque a estrutura defensiva minhota. Por aí, o problema ficou resolvido. Mas daqui por uma semana, em Guimarães, será preciso uma transfiguração total da equipa de Machado, que nos primeiros 90 minutos da temporada teve apenas um remate enquadrado com a baliza, contra zero do seu adversário.

Se as estatísticas nem sempre servem para explicar o que se passa em campo, esta permite uma leitura cristalina do que se passou no Herning Stadion. Com um meio-campo de contenção (Pedro Mendes, João Alves e o marroquino El Adoua) Manuel Machado optou por uma frente de ataque móvel (Targino, Toscano e Faouzi) e deu ordens estritas para manter a coesão entre a defesa e os médios. A causa da preocupação era a velocidade da dupla nigeriana que forma o ataque do Midtjylland.

Mas nem Nworuh nem Igboun, apoiados pelos compatriotas Hassan e Uzochukwu (o Midtjylland importa os melhores talentos da sua escola de formação em Lagos), conseguiram disfarçar as evidente limitações da sua equipa. Apenas em lances de bola parada, incluindo alguns lançamentos laterais longos do lateral esquerdo Juelsgard, a bola rondou a baliza de Nilson, que nunca chegou a ter de intervir, face ao bom rendimento da dupla NDiaye-João Paulo e ao apoio competente de El Adoua, uma das raras exibições convincentes.

Foi, aliás, o trinco marroquino a assinar o único remate que obrigou o guarda-rddes Kasper Janssen a aplicar-se, cedendo o primeiro canto da partida. Estavam decorridos apenas 4 minutos e, por momentos, pensou-se que esse poderia ser o tiro de partida para uma actuação convincente do Vitíoria, até porque N¿Diaye, por duas ocasiões, levou a melhor sobre os centrais dinamarqueses para cabecear ao lado.

Mas foi fogo de vista: a intensidade baixou para níveis de pré-época, e entre a falta de talento de uns (os dinamarqueses) e a falta de dinâmica de outros (o Vitória), o jogo caiu num anonimato quase total. Nem as substituições operadas por Machado a meio da segunda parte, com as entradas de Edgar, Olímpio e Maranhão, mudaram os dados da questão: só aos 81 minutos, num remate cruzado de Toscano, o Vitória voltou a estar perto de marcar. O controlo de riscos, esse, foi quase perfeito. Como exercício de gestão, o nulo na Dinamarca pode considerar-se positivo. Mas no D. Afonso Henriques, dentro de uma semana, vai ser preciso mostrar muito mais.