Da família ao olheiro que o descobriu, do empresário que o levou para um clube que servia de interposto ao seleccionador brasileiro sub-20. O Maisfutebol falou com várias pessoas que foram próximas do médio do F.C. Porto em algum momento da carreira. De todos colheu a estupefacção pela notícia e alguma incapacidade de explicar certas incongruências, sobretudo com a fase anterior aos quinze anos.
Leandro Lima sob suspeita
Jorge, irmão de Leandro Lima:
«O que me está a contar não existe. O meu irmão nunca mudou a idade. A vida dele está clara para toda a gente, começou a jogar com quinze anos no Real Salvador, foi para o São Caetano e depois para Portugal. Que assuntos veio resolver ao Brasil? Esteve cá para acompanhar o avô, que está em estado crítico. Ficou à espera, mas como nada aconteceu, viajou há quatro dias para São Paulo e em breve regressa a Portugal».
Pastori, olheiro que descobriu Leandro Lima num clube amador em Fortaleza:
«Para dizer a verdade, só estive duas vezes com o Leandro Lima. Descobri o miúdo quando ele estava a jogar no Conjunto Esperança, em Fortaleza, e sempre me foi apresentado como tendo nascido em 1987. Levei-o para o Real Salvador e depois só me voltei a encontrar com o Leandro quando ele foi para o São Caetano. Gosto apenas de descobrir talentos, não trato de papelada. Nunca vi documentos dele, isso são questões para serem colocadas ao Real Salvador ou ao São Caetano».
Newton Mota, dono do Real Salvador, clube da Bahia onde Leandro Lima começou a jogar:
«Isso para mim é uma surpresa. Fui a Fortaleza, conheci a família, liguei para o cartório e batia tudo certo com os documentos que me apresentou. Inclusivamente o bilhete de identidade dele era gasto, não tinha sido forjado para conseguir jogar no Real Salvador. Se ele falsificou a idade, foi antes. Pode ter ficado com a certidão de nascimento de um irmão mais novo e nem sequer se chamar Leandro Lima. Infelizmente no Brasil isso acontece muito. Se eu tenho alguma coisa a ver com esse assunto? Eu não. Eu sou o primeiro interessado em confirmar a idade dos jovens que promovo».
Léo Castro, supervisor de futebol do Uniclinic, clube onde Leandro Lima diz ter jogado antes de ir para o São Caetano:
«O Leandro aqui não jogou. Ele diz que jogou? Deve ser confusão. Quem jogou qui foi o irmão, Narciso, que também foi jogador de futebol e inclusivamente jogou no Vitória Bahia. O Leandro eu conheço mal, aliás, estive com ele poucas vezes».
Nairo Sousa, presidente do São Caetano:
«Nunca tinha ouvido falar disso e penso que não há qualquer tipo de hipótese de isso ser verdade. Aliás, nós temos um gabinete próprio só para confirmar essas informações. O nosso clube procura conferir toda a documentação dos seus jogadores para evitar quaisquer tipos de problemas, que infelizmente acontecem por vezes aqui no Brasil. Nem quero sequer pensar que o Leandro Lima tenha idade falsa, nós nunca tivemos nada a ver com isso».
Nélson Rodrigues, seleccionador de sub-20 do Brasil:
«Aqui no Brasil nunca houve essa suspeita, nunca houve informações de que houvesse qualquer tipo de irregularidade. Estamos sempre com medo que aconteçam este tipo de situações, portanto costumamos verificar muito bem toda a documentação. De facto, é um dos problemas habituais em jogadores, sobretudo quando estão a cometer. Naturalmente, fico preocupado com esses rumores, espero que não seja verdade.»
Sérgio Soares, empresário de Leandro Lima até Dezembro de 2007:
«Para mim isso é uma novidade. Durante o tempo que trabalhei com o Leandro Lima, ele sempre teve a documentação correcta. Aliás, ele é um menino, basta olhar para a cara dele para perceber que tem mesmo 20 anos. Não tenho falado com ele.»