A direção do Varzim anunciou a sua «demissão em bloco» e informou que os diretores cessantes suspenderam o apoio financeiro que estavam a dar, a título pessoal, ao clube.

De acordo com a direção demissionária, a medida foi tomada após o cancelamento de uma Assembleia Geral [AG], decretado pelo presidente do órgão, onde iria ser apresentado e votado o projeto de criação de uma SAD que iria gerir o futebol profissional.

«A direção [demissionária] do Varzim não aceita que, sem qualquer justificação válida e de uma forma prepotente, que, na sua opinião, configura uma clara situação de abuso de poder, tenha sido retirado aos sócios o direito soberano de decidir sobre o futuro do clube», lê-se na nota divulgada pelo emblema da Liga 3 nas redes sociais.

A direção demissionária defende que o cancelamento da AG, que impediu os sócios de se pronunciarem sobre o futuro do clube, «atira o clube para uma situação muito complexa» e deseja aos futuros responsáveis «as maiores felicidades», prestando-se a dar apoio no período transitório.

O cancelamento da AG onde seria discutida e votada a criação de uma SAD, com entrada de investidores externos, foi tomada, em 8 de dezembro de 2023, depois de o presidente do órgão, Moura Gonçalves, apontar que não estava reunida toda informação sobre o processo.

«A direção não disponibilizou a totalidade da documentação relativa à sua proposta de transformação da Varzim SDUQ em SAD, ao mesmo tempo que subsistem fundadas dúvidas acerca da aptidão de documentos para evidenciar algumas das condições no negócio, designadamente no que se refere aos beneficiários efetivos e garantias», referiu, na altura, em comunicado, o líder da AG do Varzim.

Já o Conselho Varzinista, órgão consultivo do Varzim, formado por antigos dirigentes, autarcas e outros sócios com participação na vida do clube, tinha dado, também, um parecer desfavorável aos contornos do negócio.

Refira-se que o investidor interessado em adquirir a maioria do capital social de uma futura SAD do Varzim era o empresário brasileiro Ulisses Jorge, agente de jogadores como Éder Militão. 

Ulisses Jorge, que entretanto desistiu do negócio, comprometeu-se em pagar 4,2 milhões de euros para, até 2026, ficar com 53 por cento do capital social da futura SAD.