Dragões seguros no Algarve, águias em voo sofrido diante do Marítimo, leões numa agonia profunda e já insensíveis à morfina. Pouco há a fazer por este Sporting, de facto. Três actos, porventura os de maior relevo, numa jornada que entregou em definitivo o rótulo de equipa-sensação ao Paços de Ferreira: os castores acrescentam resultados de excelência a um futebol ao nível dos melhores.

Comecemos pelo topo. Boas notícias para o F.C. Porto. Falta menos uma jornada para o fim e o Benfica continua a oito pontos. Nada despiciendo é também o sublinhar do regresso de Radamel Falcao aos golos. Com o colombiano, tudo parece mais fácil no ataque azul e branco.

André Villas-Boas conseguiu ver a equipa a ganhar onde antes ninguém ganhara. O Olhanense foi presa rija, dura, antes de cair com estrondo ante um pontapé fabuloso de Fernando Belluschi. O argentino não marcava desde Agosto e reapareceu em grande estilo na ficha de marcadores, antes de Falcao aplicar as estocadas finais.

Com um nadinha de exagero, pode até dizer-se que o F.C. Porto esteve a quatro segundos de ser campeão nacional. Na Luz, sofreu-se a bom sofrer até ao golo misericordioso de Fábio Coentrão. O caxineiro manteve o Benfica a sonhar, ainda que mais agitado do que nunca. Agitado foi também o final de jogo. Cenas pouco edificantes no relvado da Luz.

Na Choupana, escondida atrás de um denso manto de nevoeiro, não houve Dom Sebastião capaz de salvar o Sporting. Sem Paulo Sérgio, mas com os males do costume. É um grande clube, enorme, corcovado e sem saúde. Ganhou o Nacional 1-0 e ganhou bem. José Couceiro tem de ser mais do que um treinador paliativo.

Voltemos ao Paços de Ferreira. Oito vitórias e dois empates em 2011. Os resultados dizem quase tudo. O resto tem de ser visto com atenção. É fácil, muito fácil, gostar desta equipa. O Vitória Setúbal caiu sem apelo na Mata Real. Resta saber se Manuel Fernandes vai ser levado para longe pela corrente do Sado.

Contas finais: o Guimarães perdeu e promoveu a ressurreição da Académica de Coimbra; Sp. Braga e Naval empataram-se na luta pelos respectivos objectivos; o Portimonense deu o Grito do Ipiranga pela voz de Carlos Azenha e volta a sonhar; mais um golo de João Tomás deixou o Rio Ave mais tranquilo e o Leiria a vociferar contra o árbitro.

É o futebol português, senhores.