Até há três semanas, Jardel Pereira de Sousa era pouco mais do que um título em stand-by. O nome, comum ao maior goleador dos relvados portugueses nos últimos 15 anos, garantia uma enxurrada de comparações, assim que o médio do Estrela da Amadora marcasse o seu primeiro golo em Portugal. O problema é que os golos não pareciam destinados a cruzar-se na carreira do segundo Jardel: de Janeiro de 2006, ano em que chegou ao Marítimo B, até Fevereiro de 2009, nem um para amostra.
As oportunidades não tinham sido muitas, é verdade: apenas 7 jogos na Liga, pelo Marítimo, antes de dois anos apagados no regresso ao Cruzeiro. Um currículo pobre, que quase apagava as referências de qualidade: campeão brasileiro em 2003, campeão mundial de sub-20 no mesmo ano, Jardel foi um de entre muitos a penar na mudança de estatuto entre jovem promessa e profissional de corpo inteiro.
A 22 de Fevereiro, a história começou a mudar, com o golo que derrotou o Nacional e retirou os títulos do congelador. Um acaso feliz, pensou-se. Mas Jardel tomou-lhe o gosto: mais um golo na Trofa. O suficiente para fazer erguer as sobrancelhas. E, este domingo, não um, mas dois golos ao Sp. Braga, fazendo abrir bocas de incredulidade. Quatro golos em três jogos, na base de cinco pontos. Para um médio que perdera há anos o rumo da baliza, e só há pouco tempo passou a viver mais perto da área, o saldo é, mais do que um fenómeno, um símbolo perfeito para os milagres semanais que esta equipa do Estrela da Amadora vem conseguindo.