As «oposições» dos grandes de Lisboa já salvaram muita edição de jornal desportivo, mas o seu tempo passou.
Figuras, notáveis ou lá o que eram, ajudaram a encher páginas, contribuindo para a instabilidade que durante anos viveram Sporting e Benfica, que no F.C. Porto a história é diferente há vinte anos.
Os gabinetes de comunicação dos clubes, e alguns dos dirigentes, aprenderam com o tempo a lidar com a situação e hoje as oposições perderam voz. Sem que o futebol, sejamos justos, tenha muito a queixar-se.
A única excepção, na actualidade, sucede na Liga de clubes. Há um ano numa situação precária, Cunha Leal tem resistido com a paciência que o caracteriza aos ataques, de diferente tipo, sobretudo do último candidato derrotado à presidência da Liga, Guilherme Aguiar.
Um director executivo competente no seu tempo, Guilherme Aguiar acumula a oposição a Cunha Leal com a defesa do seu clube, o F.C. Porto, num programa televisivo. O assunto não mereceria uma linha se não ficasse mal a uma pessoa com trabalho feito, como Guilherme Aguiar, a persistência num tipo de crítica sempre negativa.
A Liga está longe de ser um modelo de criatividade e agilidade de funcionamento, mas Guilherme Aguiar deveria ser o primeiro a assumir a herança que deixou a Cunha Leal. Ele, melhor do que muita gente, perceberá como é difícil liderar um organismo como a Liga, refém do sem vontade dos clubes.
Um ano após o processo «Apito doruado», os dirigentes desportivos ainda não encontraram uma saída para o incómodo Valentim Loureiro e isso diz bem da sua capacidade de coordenação e empenho em melhorar o produto que têm para «vender».
Envolto numa complexa teia, sem o conforto de uma eleição, Cunha Leal tem feito um trabalho honesto. No futebol português, dizer isso já é dizer muito.